Virginia Woolf

escritora inglesa

Virginia Woolf (?) foi uma escritora britânica.

Virginia Woolf
Virginia Woolf
Virginia Woolf en 1927.
Nascimento Adeline Virginia Stephen
25 de janeiro de 1882
Londres
Morte 28 de março de 1941 (59 anos)
Lewes (Reino Unido)
Residência Monk's House
Cidadania Reino Unido
Ocupação romancista, ensaísta, autobiógrafo, contista, diarista, crítica literária, editora, escritora, ativista pelos direitos das mulheres, autora
Assinatura

Verificadas

editar
  • "Deve-se estar em condições de acompanhar estas senhorinhas em casa e de ouvir seus comentários, no quarto de dormir, à luz da vela; deve-se estar a seu lado quando acordam, na manhã seguinte; deve-se assistir às progressões que ambas fazem no decurso do dia. Quem tiver feito isso, e não só por um dia, mas por vários, será então capaz de aquilatar os valores das impressões que estarão por ser recebidas à noite, na sala de visitas."
- Contos completos‎ - Página 15, Virginia Woolf, traduzido por Leonardo Fróes, Editora Cosac Naify, 2005, ISBN 8575034006, 9788575034002 - 472 páginas
  • "A beleza do mundo, que muito em breve perecerá, tem duas margens, uma do riso e outra da angústia, que cortam o coração em duas metades."
- The beauty of the world, which is so soon to perish, has two edges , one of laughter, one of anguish, cutting the heart asunder.
- A room of one's own - página 17, Virginia Woolf, Editora Harcourt, Brace & World, 1957, ISBN 0156787326, 9780156787321, 117 páginas
  • "Um espaço só nosso".
- Citação em valorização às mulheres.
- Contos completos - página 27, Virginia Woolf, traduzido por Leonardo Fróes, Editora Cosac Naify, 2005, ISBN 8575034006, 9788575034002, 472 páginas
  • "Escrever é que é o verdadeiro prazer; ser lido é um prazer superficial."
- The truth is that writing is the profound pleasure and being read the superficial.
- A writer's diary: being extracts from the diary of Virginia Woolf - página 76, (The works of Virginia Woolf); Virginia Woolf, editor Leonard Woolf, Editora Hogarth Press, 1953, 372 páginas
  • "As mulheres serviram por todos estes séculos como espelhos possuindo o mágico e delicioso poder de refletir a figura do homem com o dobro do seu tamanho natural."
- Em Teresa de Lauretis, Alice Doesn't: Feminism, Semiotics, Cinema (Bloomington: Indiana University Press, 1984), p. 6.
  • "O que é uma mulher? Eu lhes asseguro, eu não sei. Não acredito que vocês saibam. Não acredito que alguém possa saber até que ela tenha se expressado em todas as artes e profissões abertas à habilidade humana."
- What is a woman? I assure you, I do not know...I do not believe that anybody can know until she has expressed herself in all the arts and professions open to human skill.
- Women and writing - página 60, Virginia Woolf, Michèle Barrett, editor Michèle Barrett, Women's Press, 1979, 198 páginas

O Quarto De Jacob

editar
  • "Parece, portanto, que homens e mulheres falham igualmente. Parece que não conhecemos em absoluto uma opinião profunda, imparcial e absolutamente justa sobre nossos próximos. Ou somos homens, ou somos mulheres. Ou somos frios, ou somos sentimentais. Ou somos jovens, ou estamos envelhecendo. Em qualquer caso, a vida não é senão uma procissão de sombras, e sabe Deus por que as abraçamos tão avidamente e as vemos partir com tal angústia, já que não passam de sombras. E por que, se isso e muito mais é verdade, por que ainda assim nos surpreendemos no canto da janela com a inesperada visão de que o rapaz na cadeira é, entre todas as coisas do mundo, a mais sólida, a mais real, a que melhor conhecemos – sim, por quê? – Pois, no momento seguinte, já nada sabemos sobre ele".
  • "Mulheres envoltas em xales carregam bebês de pálpebras roxas; meninos postam-se nas esquinas; meninas olham do outro lado da rua – ilustrações grosseiras, retratos num livro cujas páginas viramos e reviramos como se tivéssemos de encontrar, afinal, o que procuramos. Cada rosto, cada loja, cada quarto de dormir, prédio público, praça escura, é uma ilustração do que viramos febrilmente – à procura de quê? Com os livros acontece a mesma coisa. O que buscamos em milhões de páginas? E ainda viramos páginas, cheios de esperança… Ah, aqui está o quarto de Jacob".

Rumo Ao Farol

editar
  • "Pois como nos sentiríamos se tivéssemos que ficar calados por um mês seguido, em tempo de tormenta talvez mais, em cima de uma rocha do tamanho de uma quadra de tênis? perguntava-se ela; e não ter nenhuma carta ou nenhum jornal, e não ver ninguém; (...) ver as mesmas e monótonas ondas quebrando semana após semana, e depois uma terrível tempestade chegando, e as janelas cobertas de respingos, e os pássaros atirados contra a lâmpada, e o lugar todo balançando, e não ser capaz de botar o nariz para fora da porta por medo de ser varrido para o mar? Como vocês se sentiriam?"
  • "Mas não era isso que as incomodava, diziam as crianças. Não era o seu rosto; não eram as suas maneiras. Era ele — o seu ponto de vista. Quando elas falavam sobre algo interessante, pessoas, música, história, qualquer coisa, simplesmente comentavam que fazia uma noite bonita, por que não iam sentar lá fora, então o que elas se queixavam a respeito de Charles Tansley era que, enquanto não tivesse virado a coisa toda de ponta-cabeça, fazendo com que, de alguma forma, refletisse ele próprio e as rebaixasse, enquanto não deixasse todas elas, de alguma maneira, com seu jeito amargo de espremer o sumo e a polpa de tudo, todas elas com os nervos à flor da pele, ele não ficava satisfeito."
  • "Se lançaram sobre ela os demônios que frequentemente a levavam à beira das lágrimas e tornavam essa passagem da concepção à obra tão pavorosa quanto a travessia de um corredor escuro para uma criança. Era assim que frequentemente se sentia — lutando contra terríveis adversidades para manter a coragem para dizer: “Mas isso é o que vejo; isso é o que vejo”, e, assim, apertar contra o peito algum miserável resquício de sua visão, que mil forças faziam tudo para lhe arrebatar. E foi então também, neste caminho frio e ventoso, enquanto começava a pintar, que foi assaltada por outras coisas, sua própria inadequação, sua insignificância (...)"
  • "E mesmo assim, sabia que o conhecimento e a sensatez se ocultavam no coração da Sra. Ramsay. Como, perguntara-se então, podia-se saber certas coisas sobre os outros, se eram assim tão fechados? Somente como uma abelha, atraída pela suavidade ou a acidez do ar — inatingíveis ao tato ou ao gosto - é que se podia frequentar a colmeia (...); as colmeias que eram as pessoas."
  • "Qual é o significado da vida? Isso era tudo — uma questão simples; uma questão que tendia a nos envolver mais com o passar dos anos. A grande revelação nunca chegara. A grande revelação talvez nunca chegasse. Em vez disso, havia pequenos milagres cotidianos, iluminações, fósforos inesperadamente riscados na escuridão; aqui estava um deles."

Mrs. Dalloway

editar
  • "Como somos uma espécie condenada, prisioneira num barco, como tudo é uma farsa de mau gosto, desempenhemos, afinal de contas, nosso papel; mitiguemos as penas dos nossos companheiros de prisão. Decoremos o calabouço com flores e almofadas; sejamos o mais corretos possível."
  • ""... Sempre achara que era muito, muito perigoso viver, por um só dia que fosse."
  • "Rosas, pensou, sarcasticamente. Bobagens, minha cara. Pois em verdade, quando se tem de comer, beber e deitar, tanto nos bons como nos maus dias, a vida não tem nada a ver com rosas."

Orlando - uma biografia

editar
  • "Ele já tinha enchido dez páginas ou mais com poesia. Era evidentemente fluente, mas abstrato. O cio, o crime, a miséria eram os personagens do seu dilema. Havia reis e rainhas de territórios impossíveis; terríveis intrigas os confundiam; sentimentos nobres inundavam; não havia uma só palavra dita como ele próprio a diria."
  • "Somos desfeitos pela verdade. A vida é um sonho. É o despertar que nos mata".
  • "Será que o dedo da morte precisa vez por outra pousar sobre o tumulto da vida para não sermos despedaçados? Será que somos feitos de tal forma que devemos provar da morte em pequenas doses diárias para poder levar adiante a empreitada de viver?"
- Editora Penguin-Companhia, 2014
  • "Uma vez que a doença da leitura se apodera do organismo, ela o enfraquece de tal modo que o torna presa fácil para o outro flagelo que reside no tinteiro e grassa na pluma. O infeliz passa a escrever."
- Editora Penguin-Companhia, 2014
  • "Nenhuma paixão é mais potente no peito do homem do que o desejo de fazer os outros acreditarem no que crê. Nada atinge mais duramente a raiz de sua felicidade e o enche de ódio do que saber que outrem menospreza aquilo que ele mais valoriza."
- Editora Penguin-Companhia, 2014

Um Teto Todo Seu

editar
  • "A vida, para ambos os sexos — e olhei para eles a abrirem caminho, às cotoveladas, pela calçada —, é árdua, difícil, uma luta perpétua. Ela exige coragem e força gigantescas. Mais que tudo, talvez, sendo, como somos, criaturas da ilusão, ela exige autoconfiança. Sem a autoconfiança, somos como bebês no berço. E como podemos gerar essa qualidade imponderável, e apesar disso tão inestimável, da maneira mais rápida? Pensando que as outras pessoas são inferiores a nós mesmos. Sentindo que temos alguma superioridade inata — pode ser riqueza ou posição social, um nariz afilado ou o retrato de um avô pintado por Romney, pois não há limite para os patéticos recursos da imaginação humana — sobre as outras pessoas. Daí a enorme importância para um patriarca que tem que conquistar, que tem que dominar, de sentir que um grande número de pessoas, a rigor, metade da raça humana lhe é por natureza inferior. De fato, essa deve ser uma das principais fontes de seu poder."
  • "As mulheres durante todos estes séculos serviram de espelhos possuindo o poder mágico e delicioso de refletir uma imagem do homem com o dobro do seu tamanho natural. Sem esse poder, provavelmente, a Terra seria ainda pântano e selva. As glórias de todas as guerras seriam desconhecidas. Estaríamos ainda arranhando os contornos de cervos nos restos de ossos e trocando pederneiras por peles de carneiro ou qualquer outro ornamento simples que agradasse ao nosso gosto sem sofisticação. O Super Homem ou o Dedo do Destino nunca teriam existido. O Czar e o Kaiser nunca teriam portado suas coroas ou as perdido. Qualquer que possa ser sua utilidade em sociedades civilizadas, espelhos são essenciais a toda ação violenta e heróica. Eis porque tanto Mussolini quanto Napoleão insistem tão enfaticamente na inferioridade das mulheres, pois se elas não fossem inferiores, eles pararariam de engrandescer-se. Isso serve para explicar, em parte, a indispensável necessidade que as mulheres tão freqüentemente representam para os homens. E serve para explicar como eles ficam inquietos quando colocados sob a sua crítica, como é impossível para ela dizer-lhes que este livro é ruim, este quadro é fraco, ou o que quer que seja, sem causar mais dor ou despertar mais raiva que um homem que fizesse a mesma crítica. Pois, se ela começa a dizer a verdade, a figura no espelho encolhe, sua aptidão para a vida é diminuída. Como pode ele continuar a passar julgamentos, a civilizar nativos, a fazer leis, escrever livros, arrumar-se todo e discursar em banquetes, a menos que possa ver a si mesmo no café da manhã e no jantar com pelo menos o dobro do tamanho que realmente é?"

As Ondas

editar
  • “O sol ainda não nascera. O mar se distinguia do céu, exceto por estar um pouco encrespado, como um tecido que se enrugasse.”
  • “As histórias que perseguem as pessoas até seus quartos de dormir são difíceis.”
  • “Vou até a prateleira. Se escolho, leio meio página de qualquer coisa. Não preciso falar. Mas escuto. Estou maravilhosamente alerta. Certamente não se pode ler sem esforço esse poema. Muitas vezes a página está decomposta e manchada de lama, rasgada e grudada por folhas fanadas, fragmentos de verbena ou gerânio. Para ler esse poema é preciso ter miríades de olhos, como um daqueles faróis que giram sobre as águas agitadas do Atlântico à meia-noite, quando talvez somente uma réstia de algas marinhas fende a superfície, ou subitamente as ondas se escancaram e delas emerge algum monstro. É preciso pôr de lado antipatias e ciúmes, e não interromper. É preciso ter paciência e infinito cuidado e deixar também que se desdobre o tênue som, seja o das delicadas patas de uma aranha sobre uma folha, seja o da risadinha das águas em alguma insignificante torneira. Nada deve ser rejeitado por medo ou horror. O poeta que escreveu essa página (que leio em meio a pessoas falando) desviou-se. Não há vírgula nem ponto-e-vírgula. Os versos não seguem a extensão adequada. Muita coisa é puro contra-senso. É preciso ser cético, mas lançar ao vento a prudência, e, quando a porta se abrir, aceitar resolutamente. Também, por vezes, chorar; também cortar implacavelmente com um talho de lâmina a fuligem, a casca e duras excreções de toda a sorte. E assim (enquanto falam) baixar nossa rede mais e mais fundo, e mergulhá-la docemente e trazer à superfície o que ele disse e o que ela disse, e fazer poesia.”
  • "Ele me esquecerá. Deixará sem resposta minhas cartas [...]. Eu lhe mandarei poemas, talvez ele responda com um cartão-postal. Mas é por isso que o amo. Proporei um encontro – debaixo de um relógio, ou numa encruzilhada; esperarei, e ele não virá. É por isso que o amo. Ele se afastará da minha vida, esquecido, quase inteiramente ignorante do que foi para mim. E, por incrível que pareça, entrarei em outras vidas; talvez não seja mais que uma escapada, um simples prelúdio. [...] continuarei a deslizar para trás das cortinas, para o seio da intimidade, em busca de palavras sussurradas a sós. Por isso parto, hesitante mas altivo; sentindo uma dor intolerável, mas seguro de que vou triunfar nessa aventura após tanto sofrimento, seguro – quero crer – de que no fim descobrirei o objeto do meu desejo".
  • "Gota a gota tomba o silêncio. Condensa-se no telhado da mente e cai por tanques de água abaixo. Para sempre sozinho, sozinho, sozinho – ouço o silêncio tombar e espalhar seus círculos até os mais longínquos recantos. Saciado e repleto, sólido na satisfação da meia-noite, eu, a quem a solidão destrói, deixo que o silêncio tombe gota a gota".
  • "Mesmo em um homem, tal conduta, no ano de 1842, teria exigido certa justificativa da parte do biógrafo; se fosse uma mulher, não haveria justificativa cabível; o nome dela simplesmente teria de ser riscado da página em desonra."
  • "Mas logo Flush tomou consciência a respeito das diferenças que distinguiam Pisa — pois era em Pisa que estavam agora alojados — e Londres. Os cães eram diferentes. Em Londres, ele mal podia ir até a caixa do correio sem cruzar com um pug, um labrador, um bulgoque, um collie, um mastim, um terra-nova, um são bernardo, um fox terrier ou algum integrante das sete famílias da tribo spaniel."

Three Guineas

editar
  • "Nunca deixemos de pensar: o que é essa "civilização" em que nos encontramos? O que são essas cerimônias e por que devemos tomar parte nelas? O que são estas profissões e por que devemos fazer dinheiro com elas? Onde, em suma, é que isso está nos conduzindo, a procissão dos filhos de homens educados?
  • "Atrás de nós, encontra-se o sistema patriarcal; a casa privada, com sua nulidade, sua imoralidade, sua hipocrisia, seu servilismo. Diante de nós está o mundo público, o sistema profissional, com sua possessividade, seu ciúme, sua belicosidade, sua ganância. O primeiro nos cala como escravas em um harém; o outro nos força a girar, como lagartas, da cabeça à cauda, dando voltas e voltas na amoreira, a árvore sagrada, da propriedade. É uma escolha de males. Cada um deles é ruim.

A Casa de Carlyle e Outros esboços

editar
  • "Eles desejavam a verdade e tinham dúvidas se uma mulher podia dizê-la ou encará-la. Achei isso corajoso da parte deles; mas insensível. Tive de me lembrar de que ainda não se está completamente maduro aos 21 anos." ("Cambridge, 29 de Fevereiro" tradução de Carlos Tadeu Galvão - Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2014, p. 43)
  • "Parecia mostrar uma verdadeira vida de casado; o tipo de monotonia que este relacionamento na verdade é; os seres humanos são reais dando um pouco de conforto um ao outro, tendo esgotado todos os subterfúgios e estando ambos pesadamente oprimidos. Eles sofrem." ("Varas de Família, 3 de novembro" tradução de Carlos Tadeu Galvão - Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2014, p. 57)
  • "Mulheres que trabalharam, mas não se casaram, vêm a ter uma aparência peculiar; requinte, sem sexo; com uma tendencia para a austeridade." ("Hampstead, 19 de março" tradução de Carlos Tadeu Galvão - Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2014, p. 47)