Virgílio
poeta romano clássico, autor de três grandes obras da literatura latina
Virgílio (?) foi um poeta romano.
Virgílio | |
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Nascimento | 15 de outubro de 70 a.C. Andes (República Romana) |
Morte | 21 de setembro de 19 a.C. (Error: Need valid year, month, day anos) Brindisi (Império Romano) |
Cidadania | Roma Antiga |
Ocupação | poeta, escritor |
Verificadas
editarÉclogas (37 a.C.)
editar- O formose puer, nimium ne crede colori.
- Ó formoso menino, não te fies muito na tua beleza.
- Livro II, verso 17
- Trahit sua quemque voluptas.
- Cada um é arrastado pelo seu prazer.
- Livro II, verso 65
- Latet anguis in herba.
- A serpente está escondida na erva.
- Livro III, verso 93
- Nunc scio quid sit Amor.
- Agora sei o que é o Amor!
- Livro VIII, verso 43
- Non omnia possumus omnes.
- Todos nós não podemos tudo.
- Livro VIII, verso 63
- Carpent tua poma nepotes.
- Os teus descendentes colherão os teus frutos.
- Livro IX, verso 50
- Omnia fert aetas, animum quoque.
- O tempo leva tudo, até a memória.
- Livro IX, verso 51
- Cantantes licet usque (minus via laedit) eamus.
- Podemos ir cantando: o caminho será mais fácil.
- Livro IX, verso 64
- Omnia vincit Amor; et nos cedamus Amori.
- O Amor vence tudo, e nós cedemos ao Amor.
- Livro X, verso 69
Geórgicas (29 a.C.)
editar- Unde homines nati, durum genus.
- Donde nasceram os homens, raça dura.
- Livro I, verso 63
- Labor omnia vicit / improbus.
- O trabalho perseverante tudo vence.
- Livro I, versos 145–146
- Adeo in teneris consuescere multum est.
- Tanta força têm os hábitos da primeira idade.
- Livro II, verso 272
- O fortunatos nimium, sua si bona norint / agricolas!
- Ó demasiadamente felizes agricultores, se conhecessem a sua felicidade!
- Livro II, versos 458–459
- Rura mihi et rigui placeant in vallibus amnes,
Flumina amem sylvasque inglorius.- Sejam minhas delicias os campos e os rios a deslizar nos vales; possa eu, sem glória, amar os riachos e os bosques.
- Livro II, versos 485–486
- Felix qui potuit rerum cognoscere causas.
- Feliz aquele capaz de conhecer as causas das coisas.
- Livro II, verso 490 (homenagem a Lucrécio)
- Fugit irreparabile tempus.
- Foge o tempo irreparável.
- Livro III, verso 284
Eneida (29–19 a.C.)
editar- Traduzida em verso português por João Franco Barreto (1664)
- Arma virumque cano, Troiae qui primus ab oris
Italiam fato profugus Laviniaque venit
Litora, multum ille et terris iactatus et alto
Vi superum, saevae memorem Iunonis ob iram.- As armas e o varão canto, piedoso,
Que primeiro de Troia desterrado
A Itália trouxe o Fado poderoso,
E às praias de Lavino veio armado;
Aquele que, no golfo tempestuoso
E nas terras, foi muito contrastado,
Por violência dos Deuses e excessiva
Lembrada ira de Juno vingativa. - Livro I, versos 1–4
- As armas e o varão canto, piedoso,
- Tantaene animis coelestibus irae?
- Tantas iras em ânimos divinos!
- Livro I, verso 11
- O terque quaterque beati!
- Ó três e quatro vezes venturosos!
- Livro I, verso 95
- Apparent rari nantes in gurgite vasto.
- Raros no vasto mar se vêem nadando.
- Livro I, verso 118
- Furor arma ministrat.
- Dá-lhe armas o furor.
- Livro I, verso 150
- O socii—neque enim ignari sumus ante malorum—
O passi graviora, dabit deus his quoque finem.- Ó sócios meus, ó vós, que padecido
Haveis mais graves cousas, porque ignaros
Não somos do trabalho endurecido,
Por quem sereis do mundo assaz preclaros;
Fim dará Deus a todas, comovido
De piedade e amor, e em nós seus claros
Olhos porá da região superna,
Que não há cá no mundo pena eterna. - Livro I, versos 198–199
- Ó sócios meus, ó vós, que padecido
- Revocate animos, maestumque timorem
Mittite: forsan et haec olim meminisse iuvabit.- Tende ânimo, e esse peito, traspassado
De temor, confortai, e estai constantes,
Que, por dita, algum dia esta memória
Vos será de mor lustre, e de mor memória. - Livro I, versos 202–203
- Tende ânimo, e esse peito, traspassado
- Talia voce refert, curisque ingentibus aeger
Spem vultu simulat, premit altum corde dolorem.- Tais palavras tirou do experto peito,
E de grandes cuidados combatido,
Co rosto alegre e com sereno aspeito
Dissimula o que n'alma tem metido. - Livro I, versos 208–209
- Tais palavras tirou do experto peito,
- Lacrimis oculos suffusa nitentis.
- Banhando de mimosa
Em lágrimas os olhos cristalinos. - Livro I, verso 228 (sobre Vénus)
- Banhando de mimosa
- O Dea certe.
- Ó certamente Deusa!
- Livro I, verso 328
- Dixit et avertens rosea cervice refulsit,
Ambrosiaeque comae divinum vertice odorem
Spiravere; pedes vestis defluxit ad imos,
Et vera incessu patuit dea.- Disse, e, voltando as costas mui ligeira,
Resplandeceu com a cerviz rosada,
E derramou de ambrósia a cabeleira
Uma suavidade desusada:
O vestido até a parte derradeira
Dos pés caiu, e logo foi julgada
No andar certo por deusa. - Livro I, versos 402–405
- Disse, e, voltando as costas mui ligeira,
- Mirabile dictu.
- Coisa admirável!
- Livro I, verso 439
- Sunt lacrimae rerum et mentem mortalia tangunt.
- Vê-se o pranto de nossa desventura,
Que a todos move um mal desmedido. - Livro I, verso 462
- Vê-se o pranto de nossa desventura,
- Illa pharetram fert umero,
Gradiensque deas supereminet omnes.- Ao ombro leva a aljava e, caminhando,
Vence a todos no corpo e formosura. - Livro I, versos 500–501 (sobre Dido)
- Ao ombro leva a aljava e, caminhando,
- Si genus humanum et mortalia temnitis arma,
At sperate deos memores fandi atque nefandi.- Se desprezais as armas dos humanos,
Temer deveis aos deuses soberanos. - Livro I, versos 542–543
- Se desprezais as armas dos humanos,
- Lumenque iuventae / purpureum.
- A luz púrpura da juventude.
- Livro I, versos 590–591 (tradução livre)
- Mens sibi conscia recti.
- Uma mente consciente de sua própria rectidão.
- Livro I, linha 604 (tradução livre)
- Non ignara mali miseris succurrere disco.
- Sei c'os miseráveis ser clemente
Porque aos males estou acostumada. - Livro I, verso 630 (Dido)
- Sei c'os miseráveis ser clemente
- Equo ne credite, Teucri.
Quidquid id est, timeo Danaos et dona ferentes.- Não tenhais no cavalo confiança,
Alguma cousa é isto, a Grécia temo,
E como visto em sua feia usança,
Todos seus dões, incrédulo, blasfemo. - Livro II, versos 48–49
- Não tenhais no cavalo confiança,
- Clamores simul horrendos ad sidera tollit:
qualis mugitus, fugit cum saucius aram
taurus et incertam excussit cervice securim.- Gritos levanta ao céu, que põem espanto,
Mas como se bradara num deserto:
Qual touro, que escapou dentre os altares,
Mal ferido, bramindo, atroa os ares. - Livro II, versos 222–224 (morte de Laocoonte)
- Gritos levanta ao céu, que põem espanto,
- Tacitae per amica silentia lunae.
- Pelo amigo silêncio da calada lua.
- Livro II, verso 255
- Tempus erat quo prima quies mortalibus aegris
Incipit et dono divum gratissima serpit.- Era o tempo em que a lassa natureza,
Os diurnos trabalhos suspendendo,
Ao sono os olhos dá, e o Céu clemente
Faz que deles triunfe docemente. - Livro II, versos 268–269
- Era o tempo em que a lassa natureza,
- Quantum mutatus ab illo
Hectore qui redit exuvias indutus Achilli.- Quão mudado, ai de mim! Quão diferente
Daquele Heitor magnânimo e famoso,
Que de Grécia abrasou a armada ingente,
E triunfou de Aquiles vitorioso! - Livro II, versos 274–275
- Quão mudado, ai de mim! Quão diferente
- Furor, iraque mentem
Praecipitant, pulchrumque mori succurrit in armis.- Em tanta ira me ocorre na memória,
Que morrer pela pátria é honra e glória. - Livro II, versos 316–317
- Em tanta ira me ocorre na memória,
- Una salus victis nullam sperare salutem.
- A única salvação para os vencidos é não esperar salvação.
- Livro II, verso 354
- Adspirat primo Fortuna labori.
- A Fortuna, que uns sobe, e outros desce,
O primeiro trabalho favorece. - Livro II, verso 385
- A Fortuna, que uns sobe, e outros desce,
- Dolus an virtus, quis in hoste requirat?
- Quem no inimigo há-de buscar insano,
Se venceu por valor, se por engano? - Livro II, verso 390
- Quem no inimigo há-de buscar insano,
- Dis aliter visum.
- Os deuses resolveram de outra forma.
- Livro II, verso 428 (tradução livre)
- Arma, viri, ferte arma: vocat lux ultima victos.
Reddite me Danais: sinite instaurata revisam
Proelia; numquam omnes hodie moriemur inulti.- Armas, varões, dai-me armas, que os vencidos
Ao derradeiro fim chegado havemos;
Vamos buscar aos Dánaos atrevidos,
E à restaurada guerra enfim tornemos.
Em vingança dos danos recebidos,
Nem todos hoje inúteis morreremos. - Livro II, versos 668–670
- Armas, varões, dai-me armas, que os vencidos
- Ipse subibo umeris nec me labor iste gravabit;
Quo res cumque cadent, unum et commune periclum,
Una salus ambobus erit.- Sobe-te em nossos ombros, que este grave
Trabalho me será, por ti, suave.
Onde a Fortuna nos levar iremos,
Em toda a parte um e comum perigo,
Uma só salvação ambos teremos. - Livro II, versos 708–710
- Sobe-te em nossos ombros, que este grave
- Sequiturque patrem non passibus aequis.
- Me seguia Julo, mas não com iguais passadas.
- Livro II, verso 724
- Horror ubique animo, simul ipsa silentia terrent.
- O grão silêncio, e as sombras enlutadas
Punham terror nos ânimos. - Livro II, verso 755
- O grão silêncio, e as sombras enlutadas
- Obstupui, steteruntque comae, et vox faucibus haesit.
- Arripiei-me todo, e logo ao peito
Se me apegou de pasmo, e espanto a fala. - Livro II, verso 774
- Arripiei-me todo, e logo ao peito
- Ter conatus ibi collo dare bracchia circum;
Ter frustra comprensa manus effugit imago.- Três vezes procurei ali abraçá-la,
Três vezes, tendo-a já, mas em vão, presa,
A sua imagem me fugiu, que iguala
Ao leve vento, e sono em ligeireza. - Livro II, versos 792–793
- Três vezes procurei ali abraçá-la,
- Cessi et sublato montes genitore petivi.
- Rendi-me, e, às costas a meu pai tomando,
Me fui com ele ao monte caminhando. - Livro II, verso 804
- Rendi-me, e, às costas a meu pai tomando,
- Auri sacra fames.
- Maldita fome de ouro!
- Livro III, verso 57
- Degeneres animos timor arguit.
- O medo é prova de uma mente degenerada.
- Livro IV, verso 13
- Quis fallere possit amantem?
- Quem pode enganar uma amante?
- Livro IV, verso 296
- Varium et mutabile semper
Femina.- Inconstante e sempre mutável
é a mulher. - Livro IV, versos 569–570
- Inconstante e sempre mutável
- Possunt, quia posse videntur.
- Eles podem porque pensam que podem.
- Livro V, verso 231
- Cede Deo.
- Cede a Deus.
- Livro V, verso 467
- Superanda omnis fortuna ferendo est.
- Todos os infortúnios devem ser suportados com paciência.
- Livro V, verso 710
- Bella, horrida bella,
Et Thybrim multo spumantem sanguine cerno.- Horrendas guerras vejo, e o Tiberino
Rio correr co' muito sangue inchado. - Livro VI, verso 86–87
- Horrendas guerras vejo, e o Tiberino
- Facilis descensus Averni:
Noctes atque dies patet atri ianua Ditis;
Sed revocare gradium superasque evadere ad auras.
Hoc opus, hic labor est.- . . . . . . . . . . . ao Averno
Sempre descer se pode facilmente.
Noites e dias do profundo Inferno
A tenebrosa porta está patente:
Porém tornar atrás, à claridade,
É grã trabalho, é grã dificuldade. - Livro VI, versos 126–129
- . . . . . . . . . . . ao Averno
- Malesuada Fames.
- A fome é má conselheira.
- Livro VI, verso 276
- Mens agitat molem.
- Discite justitiam moniti et non temnere divos.
- Aprende a ser justo e a não desprezar os deuses.
- Livro VI, verso 620
- Quisque suos patimur Manes.
- Cada um carrega o seu próprio inferno.
- Livro VI, verso 743
- Heu pietas, heu prisca fides!
- Ah, piedade! Ah, fé antiga!
- Livro VI, verso 878
- Flectere si nequeo superos, Acheronta movebo.
- Se não posso mover os céus, moverei o inferno.
- Livro VII, verso 312
- Pedibus timor addidit alas.
- O medo dá asas aos pés.
- Livro VIII, verso 224
- Fortunati ambo! si quid mea carmina possunt,
Nulla dies uuquam memori vos eximet aevo.- Bem cada qual de vós aventurado,
Se meus versos vos podem dar conforto,
Se alguma cousa podem na memória,
Eternos vivireis com fama e glória. - Livro IX, versos 446–447
- Bem cada qual de vós aventurado,
- Sic itur ad astra.
- Assim é que se chega aos astros.
- Livro IX, verso 641
- Quadripedumque putrem cursu quatit ungula campum.
- Os cavalos, qual súbito relampo,
Pisam co'as unhas o corrupto campo. - Livro XI, verso 875
- Os cavalos, qual súbito relampo,
- Audentes fortuna juvat.
- A sorte favorece os audazes.
- Livro X, verso 284.
Sobre Virgílio
editar- Our classic, the classic of all Europe, is Virgil.
- Virgílio é o nosso clássico, o clássico de toda a Europa.
- T. S. Eliot, What is a Classic? (1944)
- Animae dimidium meae.
- Metade da minha alma.
- Horácio, Odes, Livro I, ode iii, verso 8
- O Virgile! ô poète! ô mon maître divin!
- Ó Virgílio! Ó poeta! Ó meu mestre divino!
- Victor Hugo, Les Voix Intérieures (1837), VII, 'À Virgile'.