Simone Weil (?) oi uma filósofa francesa.

Simone Weil
Simone Weil
Nascimento 3 de fevereiro de 1909
Paris
Morte 24 de agosto de 1943 (34 anos)
Ashford
Sepultamento Bybrook Cemetery
Cidadania França
Irmão(ã)(s) André Weil
Alma mater
  • Liceu Henrique IV
  • Escola Normal Superior de Paris
  • Universidade de Paris
  • Lycée Fénelon, Paris
Ocupação filósofa, professora de secundária, escritora, autobiógrafo, poeta, sindicalista, membro da Resistência Francesa, diarista, tradutora
Prêmios
  • Ambassadors' Prize (Waiting for God, 1950)
Obras destacadas The Need for Roots, Gravity and Grace, La condition ouvrière, Reflections Concerning the Causes of Liberty and Social Oppression, Notebooks, Opressão e Liberdade
Religião Cristianismo não-denominacional
Causa da morte tuberculose
Assinatura

Verificadas

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- La beauté, c'est l'harmonie du hasard et du bien
- La pesanteur et la grâce, Simone Weil - Plon, 1951 - 210 páginas
  • "Nós não possuímos nada no mundo - pois o acaso pode tirar-nos tudo - salvo a capacidade de dizer eu. Eis o que é preciso dar a Deus, quer dizer, destruir".
- Nous ne possédons rien au monde — car le hasard peut tout nous ôter — sinon le pouvoir de dire je. C'est cela qu'il faut donner à Dieu, c'est- à-dire détruire.
- La pesanteur et la grâce - Página 29, Simone Weil - Plon, 1951, 210 páginas
- La pureté est le pouvoir de contempler la souillure.
- La Pesanteur et la grâce - Página 142,, L'Épi. 7, Volume 3 de Collection "Racines", Colection "l'épi", Simone Weil, Plon, 1948


Citações por categoria

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Sobre as causas da liberdade e da opressão social (1934)

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  • "[...] O verdadeiro tema da Ilíada é a dominação da guerra sobre os guerreiros, e, por seu intermédio, sobre todos os humanos; ninguém sabe por que cada um se sacrifica, e sacrifica todos os seus numa guerra assassina e sem objetivo; é por isso que, ao longo de todo o poema, é aos deuses que se atribui a influência misteriosa que desmancha todas as conferências de paz, reacende continuamente as hostilidades, traz de volta os combatentes que um lampejo de razão leva a abandonar a luta."
  • "Assim, nesse antigo e maravilhoso poema aparece já o mal essencial da humanidade, a substituição dos fins pelos meios. Ora a guerra aparece em primeiro plano, ora a procura da riqueza, ora a produção, mas o mal continua o mesmo. Os moralistas vulgares se queixam de que o homem é arrastado por seu interesse pessoal; oxalá fosse isso! O interesse é um princípio de ação egoísta, mas limitado, razoável, que não pode gerar males ilimitados. A lei de todas as atividades que dominam a existência social, é, ao contrário, excetuando-se o caso das sociedades primitivas, que cada um sacrifique a vida humana, em si mesmo e em outrem, por coisas que não passam de meios de viver. Esse sacrifício se reveste de diversas formas, mas tudo se resume na questão do poder. O poder, por definição, não passa de um meio; ou, mais exatamente, possuir um poder consiste simplesmente em possuir meios de ação que ultrapassam a força tão restrita de que um indivíduo dispõe sozinho. Mas a procura do poder, pelo fato de ser essencialmente impotente para agarrar seu objeto, exclui toda consideração de fim, e chega, por uma inversão inevitável, a tomar o lugar de todos os fins. É essa inversão da relação entre o meio e o fim, é essa loucura fundamental que explica tudo o que há de insensato e sangrento no curso da história. A história humana é apenas a história da escravização que torna os homens, tanto opressores quanto oprimidos, simples joguetes dos instrumentos de dominação que eles mesmos fabricaram, rebaixando, assim, a humanidade viva a ser a coisa de coisas inertes."
  • "Como Marx compreendeu claramente com relação ao capitalismo, como alguns moralistas perceberam de uma forma mais geral, o poder encerra uma espécie de fatalidade que pesa tão impiedosamente sobre os que comandam quanto sobre os que obedecem; mais ainda, é, na medida em que ele sujeita os primeiros, que, por intermédio deles, esmaga os segundos. [...]"
  • "[...] Pois, como não há nunca poder, mas apenas corrida ao poder, como essa corrida é sem termo, sem limite, sem medida, não há também limite nem medida para os esforços que ela exige; os que se lhe entregam, pressionados para fazerem sempre mais do que seus rivais, que, por sua vez, se esforçam para fazerem mais do que eles, devem sacrificar não somente a existência dos escravos, mas a sua própria e a dos entes mais queridos; assim Agamenon imolando sua filha renasceu nos capitalistas que, para manterem seus privilégios, aceitam levianamente guerras suscetíveis de lhes arrebatarem os filhos. [...]"
  • "Mais ainda, as duas lutas que cada homem poderoso deve travar, uma contra aqueles sobre os quais reina, e a outra contra os seus rivais, se misturam inextricavelmente e sem cessar uma acende a outra. Um poder, seja qual for, deve sempre tender a afirmar-se no interior, por meio de sucessos obtidos no exterior, pois esses sucessos lhe dão meios de coação mais poderosos; além disso, a luta contra os rivais alia a seu séquito seus próprios escravos, que têm a ilusão de estarem interessados no resultado da luta. Mas, para conseguir que os escravos obedeçam e se curvem aos sacrifícios indispensáveis para uma luta vitoriosa, o poder deve tornar-se mais opressivo; para estar à altura de execer essa opressão, é ainda mais imperiosamente forçado a se voltar para o exterior, e assim por diante. Pode-se percorrer a mesma corrente partindo de um outro elo; mostrar que um agrupamento social, para estar à altura de se defender contra as potências exteriores que desejariam anexá-lo, deve submeter-se a uma autoridade opressiva; que o poder assim estabelecido, para se manter no lugar, deve atiçar os conflitos com os poderes rivais; e assim por diante, mais uma vez. Assim é que o mais funesto dos círculos viciosos arrasta toda a sociedade atrás de seus senhores numa ronda insensata."
  • "[...] toda vitória sobre os homens encerra em si mesma o germe de uma possível derrota, a menos que se vá até a exterminação. Mas a exterminação suprime o poder suprimindo o objeto. Assim, há na própria essência do poder uma contradição fundamental que o impede de existir propriamente; os que chamamos de senhores, continuamente pressionados para reforçar seu poder - sob pena de o ver usurpado -, estão sempre atrás de uma dominação essencialmente impossível de possuir, perseguição de que os suplícios infernais da mitologia grega oferecem belas imagens. Seria diferente se um homem pudesse possuir em si mesmo uma força superior à de muitos outros reunidos; mas isso nunca se dá; os instrumentos do poder, armas, ouro, máquinas, segredos mágicos ou técnicos, sempre existem fora daquele que dispõe deles, e podem ser tomados por outros. Por isso todo poder é instável."
  • "[...] Nunca o indivíduo esteve tão completamente entregue a uma coletividade cega, e nunca os homens foram mais incapazes, não só de submeter suas ações a seus pensamentos, mas até de pensar. [...] A razão desse doloroso estado de coisas é bem clara. Vivemos num mundo onde nada está na medida do homem; há uma desproporção monstruosa entre o corpo do homem, o espírito do homem e as coisas que constituem atualmente os elementos da vida humana; tudo é desequilíbrio.[...]"
  • "[...] o homem nada tem de essencialmente individual, nada tem que lhe seja inteiramente próprio, a não ser a faculdade de pensar; [...] Por isso, se o que se quer é formar, de um modo puramente teórico, o conceito de uma sociedade na qual a vida coletiva seja submetida aos homens considerados como indivíduos, em vez de submetê-los, é preciso apelar para uma forma de vida material na qual só interviriam esforços exclusivamente dirigidos pelo pensamento claro, o que implicaria que cada trabalhador tivesse de controlar pessoalmente, sem se dirigir a nenhuma lei exterior, não apenas a adaptação de seus esforços à obra a produzir, mas também a sua coordenação com os esforços de todos os outros membros da coletividade."
  • "[...] Diz-se muitas vezes que a força não pode domar o pensamento; mas para que isto seja verdade, é preciso que haja pensamento. Onde as opiniões irracionais tomam o lugar de ideias, a força pode tudo. É injusto dizer, por exemplo, que o fascismo anula o pensamento livre; na verdade, é a ausência de pensamento livre que torna possível impor pela força doutrinas oficiais inteiramente sem significado. [...]"

Religião

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  • "O bem é aquilo que dá maior realidade aos seres e às coisas; o mal é aquilo que disso os priva".
  • "O inferno é darmo-nos conta de que não existimos e não nos conformamos com isso".
  • "Um ateu pode ser simplesmente alguém cuja fé e amor estão concentrados nos aspectos impessoais de Deus."
  • "Eu não sou católica; mas considero a idéia cristã, que tem suas raízes no pensamento grego e no curso de séculos tem alimentado todas as nossas civilizações européias, como algo ao qual não se pode renunciar sem se tornar degradado."
  • "Na Igreja, considerada como organismo social, os mistérios inevitavelmente degeneram em crenças."
  • "O mal não é sofrimento nem pecado; ele é ambos ao mesmo tempo, ele é algo comum a ambos. Pois eles estão visceralmente ligados; o pecado nos faz sofrer e o sofrimento nos torna maus, e este complexo indissolúvel de sofrimento e pecado é o mal no qual submergimos contra nossa vontade, e para nosso horror."
  • "Os mistérios da fé são degradados se transformados em objetos de afirmação e negação, quando na realidade eles deveriam ser objeto de contemplação."
  • "Dois prisioneiros cujas celas são adjacentes comunicam-se entre si batendo na parede. A parede é aquilo que os separa mas também é o meio de comunicação. É a mesma coisa conosco e Deus. Cada separação é um vínculo."
  • "não basta ser santo: é necessária a santidade que o momento presente exige, uma santidade nova, também ela sem precedentes... O mundo precisa de Santos que tenham genialidade, como uma cidade onde grassa a peste tem necessidade de médicos" (Simone Weil, Attesa di Dio, 2ª ed., Milão 1984, 69-70).
  • "Enquanto eu estava sozinha na pequena capela românica de Santa Maria dos Anjos, incomparável milagre de pureza, na qual Francisco orou com tanta frequência, algo mais forte do que eu me obrigou, pela primeira vez na minha vida, a ajoelhar-me" (Autobiografia espiritual).
- citado em Comunicado mensal da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Edições 532-534 - página 1552, Catholic Church. Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - 1999

Humanidade

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  • "A amizade não se busca, não se sonha, não se deseja; ela exerce-se: é uma virtude".
  • "Dentre os seres humanos, apenas conhecemos completamente a existência daqueles a quem amamos".
  • "As necessidades de um ser humano são sagradas. Sua satisfação não pode estar subordinada a razões de estado, ou por qualquer consideração de dinheiro, nacionalidade, raça ou cor, ou quanto a moral ou qualquer outro valor atribuído ao ser humano em questão, ou a qualquer outro tipo de consideração."
  • "Um homem cuja mente sinta estar prisioneira preferirá ocultar o fato de si mesmo. Mas se ele odeia a falsidade, ele não o fará; e nesse caso, terá de sofrer muito. Ele baterá sua cabeça contra a parede até desmaiar. Ele voltará lá novamente e olhará com terror para a parede, até que um dia recomece a bater sua cabeça contra ela; e mais uma vez ele vai desmaiar. E assim por diante, sem fim e sem esperança. Um dia ele vai acordar do outro lado da parede."
  • "Igualdade é o reconhecimento público, efetivamente expresso em instituições e modos, do princípio de que um grau igual de atenção é devido às necessidades de todos os seres humanos, porque o respeito é devido ao ser humano como tal e não tem graus."
- L'égalité est un besoin vital de l'âme humaine. Elle consiste dans la reconnaissance publique, générale, effective, exprimée réellement par les institutions et les mœurs, que la même quantité de respect et d'égards est due à tout être humain, parce que le respect est dû à l'être humain comme tel et n'a pas de degrés.
- L'enracinement: Prélude à une déclaration des devoirs envers l’être humain - página 16, Simone Weil - Simone Weil : L'Enracinement Artmusiclitte, 2015
  • "Eu vou sugerir que o barbarismo seja considerado como uma característica humana permanente e universal, a qual se torna mais ou menos pronunciada de acordo com o jogo das circunstâncias."
  • "Exatamente como de alguém que está sempre declarando ser bem intencionado é de quem se pode esperar, em alguma ocasião, a mais fria e a mais despreocupada crueldade, quando algum grupo se vê como portador da civilização, esta mesma crença os trairá, fazendo com que se comportem barbaramente na primeira oportunidade."

Idéias

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  • "A alegria é a nossa evasão do tempo".
  • "A palavra Revolução é uma palavra pela qual se mata, pela qual se morre, pela qual se mandam massas populares para a morte. Mas que não tem nenhum conteúdo".
  • "Pensa-se hoje na revolução, não como maneira de se solucionarem problemas postos pela actualidade, mas como um milagre que nos dispensa de resolver problemas".
  • "Nada pode ter como seu destino outra coisa que não sua origem. A idéia oposta, a idéia de progresso, é veneno."
  • "Uma doutrina não tem nenhum propósito intrínseco, mas é indispensável que tenha um, nem que seja para evitar ser lograda por falsas doutrinas."
  • "Quem foram os idiotas que espalharam a história de que a força bruta não pode matar idéias? Nada mais fácil. E uma vez que estejam mortas, não são mais do que cadáveres."

Cultura e sociedade

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  • "Cultura é um instrumento manejado por professores para fabricar professores, os quais, por sua vez, irão fabricar mais professores ainda."
  • "Há algo mais que tem o poder de nos despertar para a verdade. São os trabalhos dos escritores de gênio... Eles nos dão, à guisa de ficção, algo equivalente à densidade literal do real, aquela densidade que a vida nos oferece todo dia mas que somos incapazes de agarrar porque nos entretemos com mentiras."
- Le génie est la vertu surnaturelle de l'humilité dans le domaine de la pensée
- La connaissance surnaturelle - página 84, Simone Weil - Gallimard, 1950 - 337 páginas

Futuro

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- L'avenir est fait de la même substance que le présent.
- Pensées sans ordre concernant l'amour de Dieu - Página 13, Simone Weil - Gallimard, 1962, 153 páginas