Anticristo, O: diferenças entre revisões

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[[Nietzsche]] tornou-se um destruidor de ídolos e foi um crítico veemente de todos aqueles que se consideravam donos da verdade. Neste livro o autor faz ruir o Cristianismo como base valorativa do Ocidente, pois apresenta uma crítica contundente contra a instituição cristã, para ele, diferenciada do Cristo. A crítica do filósofo contra o Cristianismo é no sentido da negação desta vida em nome de outra no além.
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"Que importância tem o resto? – O resto é somente a humanidade. – É preciso tornar-se superior à humanidade em poder, em grandeza de alma – em desprezo..."
 
"Enquanto o padre, esse negador, caluniador e envenenador da vida por profissão for aceito como uma
variedade de homem superior, não poderá haver resposta à pergunta: Que é a verdade? A verdade já
foi posta de cabeça para baixo quando o advogado do nada foi confundido com o representante da
verdade."
 
 
"Quando um homem sente que possui uma missão
divina, digamos, melhorar, salvar ou libertar a humanidade – quando um homem sente uma faísca
divina em seu coração e acredita ser o porta-voz de imperativos supranaturais – quando tal missão o
inflama, é simplesmente natural que ele coloque-se acima dos níveis de julgamento meramente
racionais. Sente a si próprio como santificado por essa missão, sente que faz parte de uma ordem
superior!..."
 
"Após o conceito de “natureza” ter sido usado como oposto ao conceito de “Deus”, a palavra “natural”
forçosamente tomou o significado de “abominável” – todo esse mundo fictício tem sua origem no ódio
contra o natural (– a realidade! –), é evidência de um profundo mal-estar com a efetividade... Isso
explica tudo. Quem tem motivos para fugir da realidade? Quem sofre com ela. Mas sofrer com a
realidade significa uma existência malograda.."
 
"No seu íntimo o cristianismo possui várias sutilezas que pertencem ao Oriente. Em primeiro lugar, sabe que é de pouca relevância se uma coisa é verdadeira ou não, desde que se acredite que é verdadeira. Verdade e fé: aqui temos dois mundos de idéias inteiramente distintas, praticamente dois mundos diametralmente opostos – os seus caminhos distam milhas um do outro. Entender esse fato a fundo – isso é quase o suficiente, no Oriente, para fazer de alguém um sábio. Os brâmanes sabiam disso, Platão sabia disso, todo estudante de esoterismo sabe disso. Quando, por exemplo, um homem sente
qualquer prazer através da idéia de que foi redimido do pecado, não é necessário que seja realmente
pecador, mas que simplesmente sinta-se pecador. Mas quando a fé é exaltada acima de tudo, disso segue-se necessariamente o descrédito à razão, ao conhecimento e à investigação meticulosa: o caminho que leva à verdade torna-se proibido."
 
 
"Considerados psicologicamente, os “pecados” são indispensáveis em toda sociedade organizada sobre fundamentos eclesiásticos; são os únicos instrumentos confiáveis de poder; o padre vive do pecado; tem necessidade de que existam “pecadores”... Axioma Supremo: “Deus perdoa a todo aquele que faz penitência” – ou, em outras palavras, a todo aquele que se submete ao padre."
 
 
"Esse santo anarquista incitou o povo de baixeza abissal, os réprobos e “pecadores”, os chandala do judaísmo a emergirem em revolta contra a ordem estabelecida das coisas – e com uma linguagem que, se os Evangelhos merecem crédito, hoje o conduziria à Sibéria –, esse homem certamente era um criminoso político, ao menos tanto quanto era possível o ser em uma comunidade tão absurdamente apolítica. Foi isso que o levou à cruz: a prova consiste na inscrição colocada sobre ela. Morreu pelos seus pecados – não há qualquer razão para se acreditar, não importa quanto isso seja afirmado, que tenha morrido pelo pecado dos outros. –"