Cosmos
série televisiva dos anos 80, apresentada por Carl Sagan e feita em colaboração com sua então esposa Ann Druyan.
Cosmos foi uma série de TV realizada por Carl Sagan e sua esposa Ann Druyan, produzida pela KCET e Carl Sagan Productions, em associação com a BBC e a Polytel International, veiculada na PBS em 1980. A série Cosmos é um dos mais formidáveis exemplos da amplitude e eficácia que a divulgação científica pode atingir por meios audiovisuais, quando servida por uma personalidade carismática como Carl Sagan e por meios técnicos adequados.
- "Deixe-me contar a vocês um pequeno verso da música da vida na Terra. No ano de 1185, o imperador do Japão era um menino de sete anos de idade chamado Antoku. Era líder nominal de um clã de samurais chamado os Heike que estavam engajados em uma longa e sangrenta guerra com outro clã, os Genji. Cada um afirmava sua reivindicação ancestral superior ao trono imperial. Seu combate naval decisivo, com o imperador a bordo de um navio, se deu em Dan no Ura, no Mar Interior do Japão a 24 de abril de 1185. Os Heike eram sobrepujados em número e em embarcações. Muitos foram mortos. Os sobreviventes, em grande número, se atiraram ao mar e se afogaram. A Senhora Nii, avó do imperador, resolveu que ela e Antoku não seriam capturados pelo inimigo. O que aconteceu depois é narrado na História dos Heike: O imperador tinha sete anos de idade, mas parecia bem mais velho. Era tão adorável que parecia irradiar uma luz brilhante, e seu longo cabelo preto caía solto em suas costas. Com um olhar de surpresa e ansiedade em sua face ele perguntou à Senhora Nii: "Para onde me levas?". Ela se virou para o jovem soberano, com lágrimas descendo pela face, e abraçou-o, prendendo seu longo cabelo em sua túnica bordada de pombos. Cego pelas lágrimas, o jovem soberano juntou suas belas e pequeninas mãos. Virou-se primeiro para leste para se despedir do deus de Ise, e então para oeste para repetir o Nembutsu [uma prece para o Buda Amida]. A Senhora Nii apertou-o nos braos e com as palavras "No fundo do oceano está o nosso templo", mergulhou com ele entre as ondas. Toda a esquadra de guerra Heike foi destruída. Somente quarenta e três mulheres sobreviveram. Estas damas de honra da corte imperial foram forçadas a vender flores e a fazer outros favores aos pescadores, próximo ao local da batalha. Os Heike quase que desapareceram da história. Mas a ralé da primeira geração das damas de honra com os pescadores organizou um festival para comemorar a batalha, que se realiza no dia vinte e quatro de abril de cada ano, até hoje. Os pescadores descendentes dos Heike se vestem de cânhamo e usam um chapéu preto, e dirigem-se ao santuário de Akama que encerra o mausoléu do imperador afogado. Lá assistem a uma peça que retrata os eventos que se seguiram à batalha de Dannou-ura. Séculos depois, as pessoas imaginavam que podiam discernir espectros de armas samurais esforçando-se inutilmente para varrer o mar e limpá-lo do sangue, defendendo-o da humilhação. Os pescadores dizem que os samurais Heike ainda vagueiam pelo fundo do Mar Interior em forma de caranguejo. Há caranguejos encontrados com marcas curiosas em suas carapaças, com padrões e recortes que lembram a face de um samurai. Quando apanhados não são comidos, mas mandados de volta ao mar em comemoração aos tristes eventos de Danno-ura".
- - Fonte: Episódio 02, As Origens da Vida. 4-10 min.
- "Os livros são como sementes: eles podem ficar adormecidos por séculos, mas também podem produzir flores no solo menos promissor. Estes livros são os repositórios do conhecimento de nossa espécie e de nossa longa jornada evolutiva. De genes a cérebros a livros... As bibliotecas do Antigo Egito continham estas palavras em suas paredes: "alimento para a alma". E esta é ainda uma informação muito justa para o que as bibliotecas provêm."
- - Fonte: Episódio 11, A Persistência da Memória. 47-49 min.