Cássia Eller
Cássia Eller (1980) foi uma cantora e compositora brasileira.
Cássia Eller | |
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Détail d'une affiche sur papier journal | |
Nascimento | Cássia Rejane Eller 10 de dezembro de 1962 Rio de Janeiro |
Morte | 29 de dezembro de 2001 (39 anos) Rio de Janeiro |
Cidadania | Brasil |
Ocupação | guitarrista, cantora |
Verificadas
editarFrases de Cássia Eller
editar- Comecei a cantar em 1981 e o primeiro trabalho que eu fiz foi com o Oswaldo Montenegro, um espetáculo musical. Era o 'Veja você Brasília'. Trabalhei com ele dois anos. Fiz o musical 'Cristal', também dele. Cantei em ópera, em teatro e em um trio elétrico chamado Massa Real. Trabalhei em três óperas — inclusive cantei em Belo Horizonte, no Palácio das Artes.
- Nessa época dos punks eu era muito boa moça, era quietinha, na minha. Eu não encontrava com eles, não era amiga. Só encontrava com um cara da Plebe Rude, pois a irmã dele era cantora lírica também (o cara é Jander Bilaphra, o Ameba; e a cantora, Janette Dornellas). Eu não fazia rock ainda nessa época. Eu tinha um grupo de samba também, e a gente fazia muito carnaval. Comecei no rock lá pra 1986, 1987…
- Eu não sei me definir. Nunca soube muito bem dizer quem eu sou. Só sei que sou alguém que gosta de escutar todo tipo de música. Gosto de música em geral. Gosto demais de blues e rock e também gosto de baladas. A música clássica também me comove. Na verdade, escuto de tudo. Meu repertório surge a partir do momento que estou vivendo.
- - Cássia Eller, «em entrevista à Folha Ilustrada, do dia 01/01/2002, às 03h49.»
- Já tive complicações burocráticas que não quero falar aqui. Mas eu gostaria de casar com a Eugênia, ter um contrato de casamento legalizado mesmo. Queria poder garantir os direitos dela e do Chico. No caso de separação ou de morte, a Eugênia não tem nenhum documento que prove que estamos casadas há 14 anos. É claro que, se me acontecer alguma coisa, meus bens têm que ir para ela e meu filho. E a guarda do meu filho tem que ser dela, é ela a mãe. Olha a confusão.
- Marie Claire: Alguma vez você teve medo de virar uma artista de gueto pelo fato de não ter escondido sua opção sexual?
Cássia Eller: Muito, porque essas coisas independem da gente. Eu temia que os outros fizessem muita arruaça em torno disso. Tive medo de virar a patrona do mundo gay, fujo desse tipo de coisa. Tem aquela parada gay em São Paulo, que sempre me convida para participar, mas eu não vou. Acho lindo, maravilhoso que tenha a parada gay. Mas é que eu já faço isso o ano todo. Acho que participo vivendo minha vida abertamente, sem esconder nada. Tem gente que me pergunta cheia de escrúpulos sobre meu casamento e eu não tenho nenhum problema em falar disso. Ao contrário, acho até legal, porque normalmente essas coisas são escondidas e a dificuldade dos homossexuais no Brasil é muito grande.
- Sempre tive tesão em homem. Não sou radical. Lógico que eu namorei muito mais com mulher. Com homem foi mais... esporrádico [risos]. Mas eu tenho tesão em homem também e me apaixonei pelo pai do Chicão [o músico Otávio Fialho, morto num acidente automobilístico, pouco antes do parto].
- Eu sabia que queria ter um filho e sabia que não precisava ficar casada com um homem para isso.
- Marie Claire: Você tem a postura da roqueira rebelde, mas está flertando cada vez mais com outros estilos e gravou uma canção em francês, que a Edith Piaff cantava.
Cássia Eller: Mas eu nunca perdi o espírito do rock, tá no sangue. Meu jeito, minha história, meus ídolos, minha educação, tudo tem a ver com isso. Eu já era roqueira antes de ter consciência disso. Minha personalidade é assim. Mas antes eu achava que tinha uma falha técnica porque não sabia cantar suave. Aí conheci o [cantor e compositor, integrante dos Titãs] Nando Reis. Ele também achava que eu não tinha que colocar tanta força em tudo. Só que eu não conseguia controlar. Até que comecei a cantar as músicas dele.
- Marie Claire: Foi o Nando Reis que te ensinou a ser suave?
Cássia Eller: Foi, sim. Ele tem um jeito de escrever que eu fico louca, é de uma sensibilidade única. E sou romântica, só que não tenho jeito, não sou delicada.
- Marie Claire: Alguma vez te disseram que você é maravilhosa, mas é cult? Que teu som é bom, mas é difícil?
Cássia Eller: A vida inteira me disseram isso e eu fico puta! Eu sempre achei que meu trabalho é popular. Não quero falar só para intelectual, artista e músico. Difícil, eu? Por quê? Falo de coisas da vida, de sentimentos e problemas que qualquer um tem. Escolho meu repertório assim. Se é uma regravação, geralmente é alguma coisa que marcou minha infância e adolescência. Eu quero cantar para todo mundo.
- "Quando conheci a Janis, eu já cantava. Claro que já tinha ouvido falar dela. Lembro quando era criança de ter visto ela pela televisão. Minha mãe escutava, mas passava batido, nunca tinha me tocado. Depois que comecei a cantar foi que eu percebi que minha voz, não a voz, mas sim o jeito de cantar, era muito parecido. Essa semelhança se deve, eu acho, pelo fato da gente gostar de blues.
- - Cássia Eller, «em entrevista à Folha Ilustrada, do dia 01/01/2002, às 03h49.»
- Sempre gostei de escutar a música como um todo. Eu nunca me encantei exatamente com as vozes das cantoras, exceto a Nina Simone. De vez em quando até imito ela. No mais, a Elis é a cantora brasileira que mais aprecio, mas não foi uma influência forte. No meu repertório não se vê nada que possa ser comparado com alguma cantora brasileira.
- - Cássia Eller, «em entrevista à Folha Ilustrada, do dia 01/01/2002, às 03h49.»
- Não sei. Acho que esse negócio de geração é muito engraçado. Esse rótulo, essa expressão, é só pra gente se identificar, se situar. Nem sempre estamos no lugar certo, com a turma certa ou num tempo que tem a ver com nossas idéias. Não creio que todo mundo seja igual ou que determinada faixa etária pense igualzinho. Ninguém é igual a ninguém. Graças a Deus. Geração é só um momento que a gente vive.
- - Cássia Eller, «quando perguntada se ela se identificava com sua geração, em entrevista à Folha Ilustrada, do dia 01/01/2002, às 03h49.»
- "Parece uma droga pesada, um chá do Santo Daime. É muito louco. Eu não sei te dizer se é bom ou ruim, só sei que na hora de cantar não estou aqui, estou viajando pra algum lugar que não sei dizer aonde.
- - Cássia Eller, comentando sobre o ato de cantar, em entrevista à Folha Ilustrada, do dia 01/01/2002, às 03h49.
- "Nessa época eu dei um tempo geral. Mas eu já enfiei muito meu pé na jaca por aí, já fiz muita besteira, muita loucura.
- -Cássia Eller, quando perguntada se na época de sua gravidez deu um tempo nas drogas, em entrevista à Folha Ilustrada, do dia 01/01/2002, às 03h49.
- "André, o maquilador do show, está me dando aulas. Estou mais feminina."
- "Sou mulher, sou pobre, sapatão, mãe solteira, preencho todas as lacunas. Tem de saber lidar com o preconceito"
- -Cássia Eller, em Maio de 2001[1]
Sobre Cássia Eller
editar- Para a gente da banda ela era, acima de tudo, uma grandíssima amiga, uma das maiores cantoras do Brasil, se não fosse a maior.
- - João Vianna, «Baterista da banda de Cássia Eller lamenta morte da amiga». Folha de São Paulo. 30 de dezembro de 2001
- No primeiro ano de vida dele Chicão, a gente ‘encaretou’, pois não podia mais ter aquela vida de ‘porra-louquice’, meio Novos Baianos. Também escutamos muito o disco Cor de Rosa e Carvão, da Marisa Monte. Chicão adorava aquelas músicas e um dia disse para a mãe que achava que ela cantava gritando muito, e que gostava mais da Marisa. Não sei se isso a influenciou ou o fato de que ela teve que ninar o filho e, por isso, cantar de forma mais suave.
- - Maria Eugênia Vieira Martins, «em entrevista a revista 'Rolling Stone Brasil' em 10 de dezembro de 2011»
- Quando uma pessoa que você ama morre, sempre vem um sentimento de culpa. Uma sensação de que você nâo percebeu, não viu, que poderia ter feito alguma coisa. Senti muito isso. Depois, entendi que é um sentimento recorrente. Não temos muito como interferir.
- - Maria Eugênia Vieira Martins, «em entrevista ao Correio Braziliense, 10 de maio de 2015»
- A gente teve uma coisa muito linda sim. Não tenho palavras para descrever o amor que ainda sinto por ela. Não que eu sentia, mas que ainda sinto! A maneira que ela transformou a minha vida para muito melhor. O privilégio que foi ter convivido com ela por tantos anos. E o privilégio que é ser mãe do Chicão.
- - Maria Eugênia Vieira Martins, «em entrevista ao Correio Braziliense, 10 de maio de 2015»
Links e Referências
editarLinks
editar- Leia a entrevista (à Folha Ilustrada) na íntegra aqui.