Murilo Mendes
poeta e prosador brasileiro
Murilo Mendes | |
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Nascimento | 13 de maio de 1901 Juiz de Fora |
Morte | 14 de agosto de 1975 (74 anos) Lisboa |
Cidadania | Brasil |
Ocupação | escritor, poeta |
- "A poesia não pode nem deve ser um luxo para alguns iniciados: é o pão cotidiano de todos, uma aventura simples e grandiosa do espírito."
- Aforismo 198. O Discípulo de Emaús (1945). Poesia Completa e Prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994, p. 834
- "A filha da tua filha verá o cometa de Halley
- Que viu a mãe da tua mãe
- A filha da tua filha verá o cometa de Halley
- Que eu vi, desde então me dá
- Esta nostalgia do céu
- Este peso de viver
- Esta saudade do amor."
- A Luz e a Vida. Os Quatro Elementos (1935). Poesia Completa e Prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994, p. 279
- "Não é do homem que recebes a glória.
- O Verbo te criou desde o princípio
- Para transmitires palavras de vida
- E para que O mostrasses a outros homens.
- Em poucos anos percorreste os séculos
- Que medeiam entre o Gênese e o Apocalipse.
- O germe da poesia, essencial ao teu ser,
- Se prolongará através das gerações.
- Eras sábio, vidente, harmonioso e forte:
- [...]."
- Ismael Nery. Tempo e Eternidade (1935). Poesia Completa e Prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994, pp. 258-259
- "Chegam nus, chegam famintos
- À grade dos nossos olhos.
- Expulsos da tempestade de fogo
- Vêm de qualquer parte do mundo,
- Ancoram na nossa inércia.
- Precisam de olhos novos, de outras mãos,
- Precisam de arado e sapatos.
- De lanternas e bandas de música,
- Da visão do licorne
- E da comunidade com Jesus.
- Os pobres nus e famintos
- Nós os fizemos assim."
- Os Pobres. Poesia e Liberdade (1947). Poesia Completa e Prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994, p. 429
- "A Términe Imerese eu vim,
- De Términe Imerese eu vou.
- Pesquiso a forma no caos,
- Pesquiso o núcleo do som.
- Ó pedra siciliana,
- Enxofre, mar de cobalto;
- Sondei a força concreta
- Dos elementos, do deus.
- Mas quem, o sol desvendando,
- A terra me comunica?
- Sem o filtro da morte quem
- Me faz absorver o azul?
- A Términe Imerese eu vim,
- De Términe Imerese eu vou.
- Transformei-me à minha imagem,
- E o mesmo oráculo sou."
- Canção de Términe Imerese. Siciliana (1959). Poesia Completa e Prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994, p. 568
- "Amò prima di tutto la libertà:
- la donna
- il dialogo
- la musica
- le galassie
- la pietra ovale
- il teatro fuori del teatro.
- Il suo cervello fu rivoluzionario
- la sua fisiologia conservatrice.
- Cercò sempre di abbinare
- ragione e fantasia.
- Fece la guerriglia contro se stesso
- capí l'irrealtà della realtà
- Crocifisse il Cristo
- e liberò Barabba."
- Epitaffio. Ipotesi (1977). Milano: Ugo Guanda Editore S.r.l., 1997, p. 7
- "Murilo Mendes, cada vez
- que de carro cruzava um rio,
- com a mão longa, episcopal,
- e com certo sorriso ambíguo,
- reverente, tirava o chapéu
- e entredizia na voz surda:
- Guadalupe (ou que rio fosse),
- o Paraibuna te saluda.
- Nunca perguntei onde a linha
- entre o de sério e de ironia
- do ritual: eu ria amarelo,
- como se pode rir na missa.
- Explicação daquele rito,
- vinte anos depois, aqui tento:
- nos rios, cortejava o Rio,
- o que, sem lembrar, temos dentro."
- Murilo Mendes e os Rios. NETO, João Cabral de Melo. Poesia Completa. Rio de Janeiro: Alfaguara, 2020, p. 634