Manguebeat
Manguebeat é um movimento de contracultura brasileiro. Surgiu a partir de 1990, na cidade de Recife, e se destaca pela combinação original de diversos gêneros musicais, unindo ritmos regionais, como o maracatu, o rock, hip hop, funk e música eletrônica.[1] O principal expoente do gênero é a banda Chico Science & Nação Zumbi. O caranguejo é o símbolo predominante do gênero musical também conhecido como Caranguejo Elétrico e Caranguejo Com Cérebro.
- "Batida do mangue". O "Mangue" era o que ainda restava do organismo vivo da cidade, e o beat, um impulso elétrico que ele necessitava para voltar a vida. Para resgatar a cidade, seriam acionados os Chamagnathus Granulatus Sapiens, os "caranguejos com cérebro".
- - Manguebeat: guitarras e alfaias da lama do Recife para o mundo: Coleção Movimentos musicais; Júlia Bezerra, Lucas Reginato; Editora Buobooks, 2017: ISBN 8578886224, 9788578886226. 173 páginas.
- "O movimento Mangue Beat sempre será. Foi um marco, o pontapé inicial, e é o que a gente continua trabalhando. O núcleo que formamos como Mundo Livre S/A ficou meio arquivado, corremos cada qual para o seu lado, partimos para as missões."
- - Fonte: [1]
- "O maracatu é o berço do samba, é samba também. Nós temos o samba, então vamos trabalhar com ele. Afrociberdelia é a atitude de mostrar o maracatu, o som do brasil, de uma maneira mais moderna, mais inteligente, que consiga ecoar em outros cantos do mundo, para que o samba seja real e não virtual."
- "De cinco, seis anos pra cá, a cena é semelhante à de 1992”, conta Fred, que no documento destacou o caos social vivido pela cidade do Recife há 30 anos. “Houve aumento absurdo de gente morando na rua, as pessoas esperando você acabar de almoçar para pegar o osso”, diz. “Em termos de índices sociais, a situação é muito parecida com a que eu escrevi naquela época."
- - Fonte: [2]
- "O manguebeat deu essa visibilidade a essas pessoas que já vinham fazendo esse tipo de música e marcou esse encontro. Misturou, não só esses ritmos, mas mixou também essas vozes. O manguebeat fez isso. A gente hoje, a periferia é protagonista de outros movimentos e que tem muita voz com sua música e com seu movimento cultural."
- - Fonte:[3]
Mangue: O Conceito
editarEstuário: parte terminal de um rio ou lagoa, em suas margens se encontram os manguezais, comunidades de plantas tropicais ou subtropicais inundadas pelo movimento das marés. Pela troca de matéria orgânica entre a água doce e a água salgada, os mangues estão entre os ecossistemas mais produtivos do mundo. Os estuários fornecem área de desova e criação para dois terços da produção anual de pescados do mundo inteiro. Apesar das muriçocas, mosquitos e mutucas; inimigos das donas-de-casa, para os cientistas, os mangues são tidos como símbolos de fertilidade, diversidade e riqueza.
- - Manguebeat: guitarras e alfaias da lama do Recife para o mundo: Coleção Movimentos musicais; Júlia Bezerra, Lucas Reginato; Editora Buobooks, 2017: ISBN 8578886224, 9788578886226. 173 páginas.
Manguetown: A Cidade
editarA planície costeira onde a cidade do Recife foi fundada é cortada por seis rios. Após a expulsão dos holandeses, no século XVII, a (ex) cidade Maurícia passou a crescer desordenadamente as custas do aterramento indiscriminado e destruição dos seus manguezais. Uma cínica noção de progresso, que elevou a cidade ao posto de metrópole do nordeste, não tardou a revelar sua fragilidade. Bastaram pequenas mudanças nos ventos da história para que os primeiros sinais de esclerose econômica se manifestassem no início dos anos 60. Nos últimos trinta anos, a síndrome da estagnação, aliada à permanência do mito da metrópole, só tem levado ao agravamento acelerado do quadro de miséria e caos urbano.
- - Manguebeat: guitarras e alfaias da lama do Recife para o mundo: Coleção Movimentos musicais; Júlia Bezerra, Lucas Reginato; Editora Buobooks, 2017: ISBN 8578886224, 9788578886226. 173 páginas.
Mangue: A Cena
editarEmergência! Um choque rápido, ou Recife morre de infarto! Não é preciso ser médico para saber que a maneira mais simples de parar o coração de um sujeito é obstruir suas veias. O modo mais rápido também, de enfartar e esvaziar a alma de uma cidade como Recife é matar os seus rios e aterrar os seus estuários. O que fazer para não afundar na depressão crônica que paralisa os cidadãos? Simples! Basta injetar um pouco de energia na lama e estimular o que ainda resta de fertilidade nas veias do Recife. Os Mangueboys e Manguegirls são indivíduos interessados em: Quadrinhos, TV interativa, antipsiquiatria, artismo, música de rua, sexo não virtual, conflitos étnicos e todos os avanços da química aplicada no terreno da alteração e expansão da consciência. Vimos então, que o manifesto se faz presente no sentido literal da palavra, pois, expõe os problemas (o caos) e propõe melhorias. Tais melhorias seria a não poluição ambiental, poluição essa que degrada de maneira irreversível o ecossistema natural. Porém no parágrafo final, o manifesto se detém a explicar o perfil de um Mangue boy ou uma Mangue Girl, indivíduos preocupados com a poluição em nome do progresso.
- - Manguebeat: guitarras e alfaias da lama do Recife para o mundo: Coleção Movimentos musicais; Júlia Bezerra, Lucas Reginato; Editora Buobooks, 2017: ISBN 8578886224, 9788578886226. 173 páginas.
Ver também
editarReferências
- ↑ 1,0 1,1 1,2 1,3 Pedro Alexandre Sanches (22 de maio de 1996). «Chico Science busca maracatu psicodélico». Folha de S.Paulo
- ↑ Augusta Muniz Sanches (1 de setembro de 2022). «30 anos do manifesto Manguebeat: A crise social é parecida com a da época, diz Fred Zero Quatro». CartaCapital
- ↑ Rodolfo Rodrigo (1 de setembro de 2022). «Completando 30 anos, o movimento Manguebeat segue influenciando a cena musical pernambucana». Brasil de Fato