Lygia Fagundes Telles

escritora e advogada brasileira

Lygia Fagundes Telles (São Paulo, 19 de Abril de 1923São Paulo, 3 de Abril de 2022) foi uma escritora brasileira, galardoada com o Prémio Camões em 2005.

Lygia Fagundes Telles
Lygia Fagundes Telles
Nascimento Lygia de Azevedo Fagundes
19 de abril de 1918
Consolação
Morte 3 de abril de 2022 (103 anos)
São Paulo
Cidadania Brasil
Cônjuge Gofredo da Silva Teles Júnior
Alma mater
  • Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo
Ocupação escritora, contista, romancista, advogada
Prêmios
  • Prémio Camões (2005)
  • Prêmio Jabuti (2001)
  • Ordem do Mérito Cultural (Brasil) (2001)
  • Comendador da Ordem do Infante Dom Henrique
  • Doctor honoris causa pela Universidade de Brasília
  • Prêmio Juca Pato (2008)
Empregador(a) Ministério da Agricultura e Pecuária
Obras destacadas Seminário dos Ratos, As Meninas, Antes do Baile Verde
Assinatura

A disciplina do amor

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  • "Ele fixara em Deus aquele olhar de esmeralda diluída, uma leve poeira de ouro no fundo. E não obedeceria porque gato não obedece. Às vezes, quando a ordem coincide com sua vontade, ele atende mas sem a instintiva humildade do cachorro, o gato não é humilde, traz viva a memória da sua liberdade sem coleira. Despreza o poder porque despreza a servidão. Nem servo de Deus. Nem servo do Diabo."
  • “Quando mocinhas, elas podiam escrever seus pensamento e estados d´alma (em prosa e em verso) nos diários de capa acetinada com vagas pinturas representando flores ou pombinhos brancos levando um coração no bico. Nos diários mais simples, cromos coloridos de cestinhos floridos ou crianças abraçadas a um cachorro. Depois de casadas, não tinha mais sentido pensar sequer em guardar segredos, que segredo de uma mulher casada só podia ser bandalheira. Restava o recurso do cadernão do dia-a-dia, onde, de mistura com os gastos da casa cuidadosamente anotados e somados no fim do mês, elas ousavam escrever alguma lembrança ou confissão que se juntava na linha adiante com o preço do pó de café e da cebola.”
  • “Selecionei as neuroses mais comuns e que podem nos levar além da fronteira convencionada: necessidade neurótica de agradar os outros. Necessidade neurótica de poder. Necessidade neurótica de explorar os outros. Necessidade neurótica de realização pessoal. Necessidade neurótica de despertar piedade. Necessidade neurótica de perfeição e inatacabilidade. Necessidade neurótica de um parceiro que se encarregue da sua vida – ô! Deus – mas desta última necessidade só escapam mesmo os santos. E algumas feministas radicais.
  • Tão difícil a vida e seu ofício. E ninguém ao lado para receber a totalidade dos seres humanos, isso nos últimos anos da sua vida sem muita ilusão...
  • ...A minha tiazinha falava muito na falta que lhe fazia esse ombro amigo, apoio e diversão, envelheceu procurando um. Não achou nem o ombro nem as partes, o que a fez chorar sentidamente na hora da morte, Mas o que você quer, queridinha?! a gente perguntava. Está com alguma dor? Não, não era dor. Quer um padre? Não, não queria mais nenhum padre, chega de padre. Antes do último sopro, apertou desesperadamente a primeira mão ao alcance: “É que estou morrendo e não me diverti nada!””
  • “Solução melhor é não enlouquecer mais do que já enlouquecemos, não tanto por virtude, mas por cálculo. Controlar essa loucura razoável: se formos razoavelmente loucos não precisaremos desses sanatórios porque é sabido que os saudáveis não entendem muito de loucura. O jeito é se virar em casa mesmo, sem testemunhas estranhas. Sem despesas.”
  • “Ligo a televisão. Plumas, pedrarias, dourados – é o desfile do carnaval milionário. Os holofotes estão tontos, tonto o cinegrafista porque os apelos são excessivos, tudo é importante, focalizar o passista é perder a mulata que já vem vindo no auge, fantasia de estrela, hora e vez da estrela no carro de glória mas cuidado! Lamês e lantejoulas não cubram os seios, o ventre, o traseiro – câmera abre no traseiro rebolante.”
  • “Não acho maravilhoso envelhecer. A gente envelhece na marra, porque não há mesmo outro jeito, já fui a tantas estações de águas, já bebi de tantas fontes – onde a Fonte da Juventude, onde?”

Frases

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  • "Me leia enquanto estou quente"

- Entrevistada por Clarice Lispector

- Fonte:Site Oficial de Clarice Lispector
  • E inclusive mulheres velhas! [risos] É deprimente essa vontade de se exibir. Até mulheres grávidas gostam de mostrar a barriga de nove meses... por que tenho de ver a barriga dela? São coisas íntimas. Eu gosto da privacidade. Uma vez vi aqui perto de casa um casal transando na rua. Passei perto e ainda tive de ouvir: “Nunca viu, tia?”. Respondi: “Assim na esquina é a primeira vez” [risos]. Você não acha que há uma vulgaridade excessiva em nosso tempo?
- Lygia Fagundes Telles, quando perguntada sobre o que achava das mulheres que posam nuas.
- Fonte:Revista TPM, de janeiro de 2006.
  • "Amanhã, uma socialite com nome de tambor resolve se candidatar a uma cadeira (na ABL)."
- Lygia Fagundes Telles, escritora, criticando a excessiva abertura da Academia Brasileira de Letras, numa suposta referência a Narcisa Tamborindeguy, que acaba de lançar um livro
- Fonte: Revista Veja, Edição 1 661 - 9/8/2000

Atribuidas

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  • "Sabendo interpretar o que lê, o estudante organiza as idéias e produz bom texto. O resto é conversa, falsa teoria".
- citada em "Dicas da Dad: português com humor‎" - Página 130, Dad Squarisi - Editora Contexto, 2003, ISBN 8572442049, 9788572442046 - 296 páginas