Kama Sutra
antigo texto hindu sobre amor erótico
O Kama Sutra é, na literatura da Índia, o tratado em que estão reunidos, sob forma de aforismos, as regras do rito do amor, da moral e da vida cotidiana. Apesar do caráter erótico, pertence à literatura filosófica da Índia.
O Kama Sutra não é nem exclusivamente um manual sexual nem, como também comumente se acredita, uma obra sagrada ou religiosa. Ele não é certamente um texto tântrico. Ao abrir com a discussão dos três objetivos da vida Hindu antiga – dharma, artha e kama – o propósito de Vatsyayana é estabelecer kama, ou gozo dos sentidos, em contexto. Assim dharma ou a vida virtuosa é o maior objetivo, artha, o acúmulo de riqueza é o próximo, e kama é o último dos três.
- "Foi dito por alguém que não há ordem ou momento exatos entre o abraço, o beijo e as pressões ou arranhões com as unhas ou dedos, mas que todas essas coisas devem ser feitas, de um modo geral, antes que a união sexual se concretize, ao passo que as pancadas e a emissão dos vários sons devem ocorrer durante a união. Vatsyayana, entretanto, pensa que qualquer coisa pode ocorrer em qualquer momento, pois o amor não se incomoda com o tempo ou ordem."
- "Quando o amor se intensifica, entram em jogo as pressões ou arranhões no corpo com as unhas. As pressões com as unhas, entretanto, não são comuns senão entre aqueles que estejam intensamente apaixonados, ou seja, cheios de paixão. São empregadas, juntamente com a mordida, por aqueles para quem tal prática é agradável."
Filosofia de vida hedonista
editar- "O sábio não deve se afiliar a uma sociedade desprezada pelo público, que não tenha nenhuma ordem e esteja empenhada na destruição das outras. O homem culto, porém, afiliado a uma sociedade que age de acordo com os desejos do povo, e que tem o prazer como seu único objetivo, será altamente respeitado neste mundo."
- Parte I, cap. IV
- "O amor resultante da percepção de objetos externos é bastante evidente e bem conhecido em todo o mundo, porque o prazer que proporciona é superior ao prazer dos outros tipos de amor, que existem apenas por sua causa."
- Parte II, cap. I
- "O homem desprovido de outros conhecimentos, mas bem versado nas sessenta e quatro divisões, ganhará destaque em qualquer sociedade de homens e mulheres. Que homem não respeitará as 'sessenta e quatro artes', sabendo que elas são respeitadas pelos letrados, pelos sábios e pelas cortesãs?"
- Parte II, cap. X (em referência à parte I, cap. III)
- "Além disso, a donzela possuída à força por alguém que não compreenda o coração feminino torna-se nervosa, intranquila e deprimida, e de repente passa a odiar o homem que se aproveitou dela; depois, quando seu amor não é compreendido ou retribuído, cai em abatimento e toma-se de ódio pela humanidade inteira ou, odiando seu homem, recorrerá a outros homens."
- Parte III, cap. II
- "O marido obediente, mas todavia senhor de si mesmo, apesar de pobre e não bem apessoado, é melhor do que um marido comum a muitas mulheres, mesmo que este seja elegante e atraente."
- Parte III, cap. IV
- "A mulher virtuosa, que tenha afeição pelo seu esposo, deverá agir de acordo com os desejos dele como se ele fosse um ente divino, e com o seu consentimento deverá tomar sobre si todo o encargo da família."
- Parte IV, cap. I
- "O desejo brotado da natureza e intensificado pela arte, e do qual todo o perigo foi afastado pela sabedoria, torna-se firme e seguro."
- Parte V, cap. I
- "Um rei que domina os seis inimigos da humanidade torna-se senhor de toda a terra."
- Parte V, cap. V (quanto à luxúria, à raiva, à avareza, à ignorância espiritual, ao orgulho e à inveja)
- "Em resumo, a pessoa inteligente e cautelosa, ocupando-se de Dharma e Artha, e também de Kama, sem tornar-se escrava de suas paixões, terá sucesso em tudo que possa empreender."
- Parte VII, cap. II