José Hermano Saraiva

historiador português (1919-2012)

José Hermano Baptista Saraiva (Leiria, 3 de outubro de 1919 — Palmela, 20 de julho de 2012) foi um advogado, historiador, professor liceal, político, diplomata, divulgador e comunicador televisivo português. Ocupou o cargo de Ministro da Educação entre 1968 e 1970, num período conturbado da vida política nacional. É descrito frequentemente como o Príncipe dos Comunicadores pelo seu trabalho em prol da História, da Cultura, da Literatura e da Televisão, de acordo com a homenagem póstuma prestada na Assembleia da República Portuguesa.

José Hermano Saraiva
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Wikipédia
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  • "Um país vale o que produz, não vale o que consome."
- "A Alma e a Gente - D. João V", 4 de setembro de 2004
  • "Quem mal-preza o seu passado, mal-prepara o seu futuro."
- "A Alma e a Gente - Os Lusitanos", 24 de janeiro de 2010
  • "Camões tinha razão. Um fraco rei faz fraca a forte gente."
- "A Alma e a Gente - D. Fernando, Fraco Rei, Forte Gente"
  • "Quem luta pela unidade para mim é grande. Quem se bate pela divisão para mim... (abana a cabeça reprovadoramente)"
- "A Alma e a Gente - D. Maria II, A Rainha da Regeneração"
  • "Como sabem, as guerras fazem sempre enriquecer certas pessoas. Uma guerra tem duas utilidades: serve para uns morrerem e para outros ficarem ricos."
- "Horizontes da Memória - Mangualde: De à Cinco Mil Anos para Cá"
  • "Ó senhores, vejam se entendem. O património não só ruínas. Não são só gravuras nos rochedos. Os verdadeiros patrimónios são os rochedos. Uma paisagem uma vez destruída, nunca mais pode ser reencontrada."
- "Horizontes da Memória - Mangualde: De à Cinco Mil Anos para Cá"
  • "Por trás de uma grande rainha está sempre um grande rei."
- "A Alma e a Gente - D. Maria II, A Rainha da Regeneração"
  • "Isso fez do português este tipo que nós somos. Nós não temos raça nenhuma. Não se pode falar na raça portuguesa. Se houvesse uma raça, nós éramos uma anti-raça.' Feita com gente vinda de toda a parte ao longo de milhões de anos."
- "História Essencial de Portugal", episódio 1
  • "Isto quer dizer que Lisboa, por estar excêntrica em relação aos grandes pólos da política mundial, pode ser um paraíso da paz. E aí está um destino bonito para Lisboa: Lisboa, cidade da paz."
- "Horizontes da memória - Como nasceu Lisboa"
  • "Como sabem, as nações são como os homens; não se medem aos palmos; cada uma é como é. E nós portugueses, graças a Deus, nunca fomos pequenos demais. Fomos bastantes para abraçar todo o mundo. Temos orgulho de sermos como somos. Não precisamos de habilidades de pedreiro, a fazer pirâmides de 7 metros para sermos maiores do que realmente somos."
- "Horizontes da memória - Serra da Estrela, 1998"
  • "Felizes das pátrias que têm o futuro nas mãos."
- "Horizontes da memória - Na terra da Maria da Fonte, 1998"
  • "Não há nada tão prático como uma boa teoria."
- "Horizontes da memória - Sal e Matemática em Alcácer, 2003"
  • "O futuro, eu costumo dizer, está nas nossas mãos. Talvez diga mal. Não! O futuro tem que partir das nossas cabeças."
- "A Alma e a Gente - Hoje vamos à Feira (Santa Maria da Feira)"
  • "De que tamanho deve ser a nossa própria estátua? Podem dizer para não exagerarmos; o melhor é fazê-la sempre em tamanho natural. Mas qual é o nosso tamanho natural? É que há pessoas tão grandes e que se julgam tão pequenas e há pessoas tão pequeninas que se julgam tão grandes. Vá-se lá saber qual é o tamanho natural de cada um!"
- "Lendas e Narrativas - A Lição da Feira, 1996"

Histórias

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  • "Eu vou recordar um episódio que nunca contei, porque realmente não é assim muito coisa que se conte. Mas enfim, já lá vai muito tempo e eu vou contá-la. Em 1950, eu passava ali na estrada em direção a Leiria, quando vi que aqui havia umas grandes obras. Estavam a fazer escavações históricas. E, claro, e vim logo ver o que era. Quando chego aqui vejo assim um montão de ossadas. Mas eram muitos, muitos ossos! Havia ali os despojos de centenas de cadáveres.
Eu fiquei a olhar para aquilo, realmente impressionado, e o guarda diz-me: «Olhe. Se quiser uma lembrança, pode levar.» E eu disse: «Mas isto pode-se levar?» «Pode. Escolha. Escolha e leve.» Tive uma certa relutância, naturalmente, em ir eu escolher e disse ao guarda: «Então, agradeço muito, mas escolha antes o senhor.» Ele perguntou-me: «Braço ou perna?» Estão a ver, a perna bem sei que é importante, serve para caminhar. Mas eu estava a pensar em heróis. O braço de espada em punho, a defender a pátria ameaçada. «Um braço. Arranje-me um braço.» E ele foi-me lá buscar assim um bracito. Era um osso, parecia um osso... Sei lá, um braço de criança! E eu disse: «Não. Já que posso levar um braço. Olhe! Aquele grande, grande, além!» E escolhi o que realmente era o antebraço de um gigante. Seguramente, de um herói gigantesco.
O homem lá o escolheu. Estava-mo a embrulhar numa folha de jornal já amarelecida. E eu com os meus comentários melancólicos: «Vejam lá. Estes homens deram a vida pela pátria. Cada um morreu por aquilo em que sinceramente acreditava. E hoje estamos aqui a embrulhá-los num papel de jornal. Pouxa! Eu nem sequer sou capaz de distinguir, se era um osso de um português, se de um castelhano.» E o guarda dizia: «Deixe lá que ele também não sabia.» «Não sabia? Então, este homem deu a vida pela causa e o senhor diz-me que não sabia!» E ele explicou: «Não. É que este era cavalo.»
Bom, como podem calcular, eu desisti imediatamente da minha ideia de colecionar as relíquias dos heróis."
- "Horizontes da memória - Aljubarrota"