Hélio Cunha
pintor português
Hélio Domingues da Cunha (Penha de França, concelho de Lisboa, Portugal, 25 de maio de 1948) é um artista plástico português.
Hélio Cunha |
---|
Wikipédia |
Sobre
editar- "A representação dos símbolos predomina através dos quadros de Hélio Cunha, que se fixa no mistério da sabedoria oculta, no enigma do ser, nas conexões do sagrado com o quotidiano. Todavia, Hélio Cunha alarga o campo de investigação plástica, no jogo de figuras, sinais e energias cromáticas, aos fundamentos que deram razão de ser ao mundo antigo e se mantiveram, sob outras formas e esquemas conceptuais, em sucessivos quadros de civilização e cultura."
- - ANTÓNIO VALDEMAR, crítico de Arte e Vice-Presidente da Academia Nacional de Belas-Artes
- - Catálogo de exposição individual do pintor na Galeria Municipal de Sintra, "O Crepúsculo dos Mitos"
- "A cor é tratada por este artista dentro de um critério estético perfeitamente semelhante àquele com que determinados instrumentadores ou orquestradores encaram o fenómeno do timbre que muitos apontam, e penso que bem, como a equivalência sonora da cor. Foi percorrendo esse caminho que não tive dúvidas em considerar que estamos perante um notável Artista – e contador de histórias – cujo melhor conhecimento a todos enriquecerá."
- - ANTÓNIO VICTORINO DE ALMEIDA, Maestro e Compositor galardoado com a Ordem do Infante por serviços prestados à cultura
- - Catálogo de uma exposição individual do pintor na Sede do Sindicato dos Trabalhadores da Portugal Telecom em 2000
- "O grande acto é o de acrescentar mistério ao mistério. Sem mistério morreríamos de sufocação. O que exijo vai para além da imaginação, é a memória multissecular, a memória cósmica. A verdade é que não se pode olhar uma destas telas sem reagir. É tão excessiva a força das imagens, que por vezes se aniquilam entre si. Esta forma de lucidez leva à desesperança e à revolta; caminhamos para a tensa linha do horizonte, sempre em fuga. Há que tomar em conta esta obra obsessiva, como há que tomar em conta a sua perfeita execução técnica. A soma destes elementos não pode deixar de ser notada, trazendo-nos à memória o espaço imenso da floresta surrealista. Resta-me felicitar Hélio Cunha, na minha posição clara de não crítico nem ensaísta. Evidente se torna que é um erro ocultar esta já extensa e significativa obra; o tempo tem o vai-e-vem das marés, levando e trazendo, ocultando e redescobrindo obras que, pelo menos, são um comovente documento humano."
- - CRUZEIRO SEIXAS, Pintor e Poeta, percursor do surrealismo em Portugal
- - Excerto de um texto dedicado a Hélio Cunha em 2010
- "O Hélio tem essa vertente de abarcar os poetas, os símbolos da grande clausura até ao infinito. Da pincelada fixa, no raspar dos contornos, fixo à tempestade saudável dos afectos. Do avançar da solidão dos astros, ao frenesim dos corpos entrelaçados pela boa educação da memória.
- Pela calada da mulher imaginada, fica a um canto dessa esfera, desfiando melodias, acabadas de nascer do oculto movimento, das muralhas onde ainda existem criaturas com a respiração controlada.
- A pintura do Hélio tem as pegadas viradas ao infinito do papiro, enaltecendo no tempo, o resumo da melodia, onde se encontravam todos, sem interrogações de raízes.
- Pairam por aí, essas ovações de planalto, esperando a rota dos ventos, onde as naves trazem amostras sem regresso, pela fraca intensidade de suportar a viagem do retorno."
- - EDUARDO NASCIMENTO, director da Galeria Municipal Artur Bual e do Centro de Arte Contemporânea da Amadora
- - Prefácio para uma exposição individual do pintor no Edifício Central da Câmara Municipal de Lisboa, em 2008
- "Ao tentar indagar sobre a dimensão onírica do objecto representado na pintura de Hélio Cunha, gostaria que esta minha abordagem não se cingisse à mera descrição dos elementos figurativos que a constituem, embora reconheça nem sempre ser previsível a relação lógica e lúdica que estabelecem entre si. É, aliás, o objecto, deslocado do seu conteúdo habitual, o que mais surpreende na concepção meticulosa desta linguagem metafórica, totalmente encenada, como se de um palco se tratasse.
- Tudo se objectualiza na pintura onírica de Hélio Cunha, construtor de espaços cenográficos que, perspectivados, nos remetem para a noção do que está próximo e se destaca, nítido, rigorosamente definido, no primeiro plano, enquanto que o que está longe se dilui parcialmente na névoa de horizontes infindos. Em cenários de luz e sombra, a perspectiva define e indefine a diferença de escala porque, quantas vezes, o que está longe, sendo pequeno, se torna subitamente grande, e o que está perto, sendo grande, se torna pequeno. Neste jogo de ambiguidades, aparentemente contraditórias, o pintor é exímio a desafiar a lógica das proporções.
- Neste teatro imaginário, os objectos-personagens, esculpidos em pedra, em metal e em vidro, apropriam-se do espaço envolvente, como peças de um puzzle enigmático, que aceita todas as combinatórias e alternativas, em diferentes contextos, que a rigorosa e quase obsessiva determinação do autor proporciona, numa constante relação com o carácter imprevisível da lei do acaso, que o sonho acentua e enaltece."
- - EURICO GONÇALVES, pintor Crítico de Arte e Membro do Conselho Técnico da Sociedade Nacional de Belas-Artes
- - Pintura Contemporânea Portuguesa - Edições Orofaber
- "Mudando os processos, codificando a linguagem ou graduando a intensidade e o rigor das mensagens, Hélio Cunha recorre ao surrealismo simbólico para nos transmitir, em plenitude, a força e a determinação da sua autenticidade.As suas imagens, ricas em pormenor, constroem mundos que a leitura, aparentemente fácil, torna fascinantes. São sempre universos insólitos nos quais o clima não só exalta a solidão como, através de múltiplos símbolos, também a justifica. Dir-se-ia que um certo comprazimento sublinha a necessidade de nos fazer partilhar porções menos ortodoxas de uma realidade para o autor importante."
- - EDGARDO XAVIER, crítico de Arte e anteriormente Director da Galeria Tempo
- - Diário de Notícias, 26 de Janeiro de 1991
- "Hélio Cunha tem também a seu favor a cor, energia cromática que reitera o seu mundo enquanto esfera, hermético, onde o ancestral se combina com o futuro, com valores do imaginário, com o visível e o que podemos vir a saber captar.
- O artista fixa-se no indecifrável mistério do Cosmos, onde a mulher tem um papel primordial para desvendar o enigma do ser nas conexões do sagrado com o profano, do sagrado com o quotidiano."
- - MARGARIDA BOTELHO, escritora, crítica e cronista de Arte do Diário de Notícias
- - Correio da Manhã, 7 de Junho de 1990
- "A obra de Hélio Cunha merece um destaque especial no panorama artístico português, não só pela extensão do seu currículo, mas principalmente devido à qualidade do trabalho desenvolvido em prol da divulgação da pintura nacional, facto comprovado pelo reconhecimento de que tem sido alvo no país e além fronteiras.
- O seu trabalho apresenta uma espécie de suspensão temporal que provoca, mesmo no observador mais desatento, uma paragem obrigatória para uma observação mais prolongada. A aparente complexidade das imagens transforma-se num agregado de figuras que se interligam entre si e operam como um todo numa única narração.
- Cada tela do artista é uma história, cuja intensidade do relato é marcada através da aplicação dos diferentes tons.
- - MARIA JOÃO BUAL, vereadora da Cultura da Câmara Municipal da Amadora e filha do pintor Artur Bual
- - Prefácio para uma exposição individual do pintor no Centro de Arte Contemporânea da Amadora em 2004
- "Para Hélio Cunha a aventura poética é total, ou não existe.
- A arte viva é o código dos códigos, é ela que os funda e as suas obras resistem mais do que eles.
- É consolador penetrar no processo mágico, passar, não apenas a sonhar, mas a fazer sonhar."
- - RUI-MÁRIO GONÇALVES, prémio Gulbenkian da Crítica de Arte
- - texto dedicado ao pintor em 2005, publicado no catálogo de uma exposição individual na Galeria de Arte Moderna da Sociedade Nacional de Belas-Artes em 2007, "A Idade de Ouro"
- "As fronteiras da actividade humana são infinitas, tanto as que apontam para os espaços siderais, como as relacionadas com as novas tecnologias, mas não devemos esquecer as relacionadas com a própria mente, pois todas elas são igualmente infinitas e pouco exploradas ainda.
- Assim, qualquer obra de arte quando revela originalidade e talento é digna de nota e admiração e está neste caso a pintura de Hélio Cunha.
- O eterno ressurgir de uma imaginação fecunda, tão bem servida por técnicas e refinamentos desenvolvidos em constante e lúcido diálogo interior, que se extravasa numa pintura sempre tão original e intimista."
- - SOARES BRANCO, escultor e professor jubilado da Faculdade de Belas-Artes da Faculdade de Lisboa
- - Prefácio de um catálogo de uma exposição na Sociedade Nacional de Belas-Artes em 1986