Fred Di Giacomo

escritor brasileiro
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Frederico Di Giacomo Rocha (9 de janeiro de 1984 - ) é um escritor brasileiro



  • "Eu queria um filho – cinema da vida humana. Existir solitário já não valia a pena – queria deixar de ser uma só, ao menos um instante, e multiplicar-me no milagre terreno da carne. Pensava no meu filho vindouro tão sozinho no mundo. Quem sabe somando nossas solidões a gente não conseguisse alguma companhia? Cansara de ver o tempo rolando feito dente-de-leão levado ao vento sem que agente tomasse as rédeas da vida. Queria tê-las na mão."
- Fonte: Desamparo, Fred Di Giacomo, Editor: Marcelo Nocelli/Editora Reformatório
  • "O problema dos brancos matarem os kaingangs é que, se os kaingangs desaparecerem, desaparecem os guaranis, os oti-xavantes, as onças, as antas, o jequitibá, as estrelas e os rios. (...) Desaparece um jeito de pensar, de enxergar o mundo e a natureza. Cada nativo que um branco mata é um suicídio que comete."
- Fonte: Desamparo, Fred Di Giacomo, Editor: Marcelo Nocelli/Editora Reformatório
  • "Chichiar no mato, noite enluarada. Antes de dormir, passei um tempo admirando o céu. O infinito acalma."
- Fonte: Desamparo, Fred Di Giacomo, Editor: Marcelo Nocelli/Editora Reformatório
  • "O amor era uma mistura de café com cachaça que acelera e deixa zonzo. Uma agitação mole."
- Fonte: Desamparo, Fred Di Giacomo, Editor: Marcelo Nocelli/Editora Reformatório
  • "Minha cidade foi minha história e ela teve o tamanho, mesquinho, de minhas ambições. (...) O dilúvio salgado escapava com tamanha fúria dos olhos, que achei que fosse arrancar meus glóbulos. Fiquei feliz por isso. Nunca mais enxergar seria imensa bênção. Mas o destino é tão cruel que a partir dali comecei a enxergar ainda mais. Vi o passado, vi o futuro, vi o distante e vi o não dito; vi o que se soterrou debaixo dos tapetes da memória e vi o que se quis dizer, mas não foi possível nos tempos mortos. Tornei-me curva pelo peso de toda verdade que acumulei em minhas costas. Uma luz intensa fez me lúcida. Estava morrendo? Um jaó cantando longe. Um adeus? Do tempo que já se foi. "Ouça o mar." Não existem, já, jaós por aqui. "Ouça o mar!" Mas nunca fomos apresentados. Um dia o sertão chega lá. O canto do jaó. Raro. Pai? Se alguém achasse um. Sagrado seria. Ou maligno. Despedida."
- Fonte: Desamparo, Fred Di Giacomo, Editor: Marcelo Nocelli/Editora Reformatório