Eva Luna é uma obra escrita por Isabel Allende, publicada no ano de 1987.


  • "Minha mãe era uma pessoa silenciosa, capaz de dissimular-se entre os móveis, de perder-se no desenho do tapete, de não fazer o menor ruído, como se não existisse; conturo, na intimidade do quarto que dividíamos, ela se transformava. Começava a falar do passado ou a narrar suas histórias, e então o aposento se enchia de luz, desapareciam as paredes, dando lugar a incríveis paisagens, palácios abarrotados de objetos nunca vistos, países longínquos inventados por ela ou tirados da biblioteca do patrão; colocava a meus pés todos os tesouros do Oriente, a lua e mais ainda. reduzia-me ao tamanho de uma formiga, para eu sentir o universo a partir da minha pequenez, punha-me asas para vê-lo a partir do firmamento, dava-me uma cauda de peixe para conhecer o fundo do mar."
  • "Era um homem amável e delicado, ansioso por agradar e ser aceito, por isso tinha imaginado todas as formas possíveis de fazer amor sem usar os lábios. Transformara as mãos e todo o resto de seu corpo pesado em um instrumento muito sensível, capaz de aconchegar uma mulher bem disposta, até culminá-la de felicidade. Esse encontro foi tão definitivo para nós dois, que poderia ter sido uma cerimônia solene, mas em troca, foi alegre e risonha. Penetramos juntos em um espaço próprio, onde inexistia o tempo natural, e durante aquelas horas magníficas, pudemos viver em absoluta intimidade, sem pensar em outra coisa além de nós mesmos, dois companheiros impudicos e brincalhões, dando e recebendo."
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