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David Nemer (Vitória, 29 de novembro de 1983) é um docente, escritor e pesquisador especialista em antropologia da informática. Atualmente é professor titular no Departamento de Estudos de Mídia na Universidade da Virgínia, EUA. David Nemer é autor do livro "Favela Digital - O outro lado da tecnologia".


Obras editar

Favela Digital- O outro lado da tecnologia. [1] (2013) editar

  • É possível perceber uma resistência gritante entre a favela e as tecnologias digitais lá utilizadas. Mas isso não se deve à falta de educação na favela, mas sim à falta de educação de quem desenvolve as tecnologias sem conhecer a favela. (p. 12)
  • A educação informal e o conhecimento situado na favela se tornam poderosas armas de inclusão digital, já que a educação formal imposta sobre seus moradores é descontextualizada e já, se já, não atende às nessecidades deles. (p. 38)
  • Favelas, assim como outras zonas de abandono social, são exemplos claros de como a problemática da exclusão digital vai além da aquisição do bem tecnológico. Tais lugares são repletos de engenhocas digitais, porém a utilização delas parece um pouco sem conteúdo e significância. Isso é um reflexo da atual situação que se encontram nossas favelas, sem uma educação de base, autonomia e conscientização. É necessário prestar atenção a esses fatores, pois a tecnologia digital não vai solucionar problemas que ela não causou. (p. 46)
  • Com a premissa de que a tecnologia só veio para fomentar o progresso, nos coloca em um grande perigo já que não há um devido questionamento das suas funções, resoluções, vantagens e desvantagens. Sem a conscientização do uso das tecnologias digitais, acabamos por ser moldados da forma em que nos é imposto. Ter uma abordagem crítica é necessária para moldarmos as tecnologias respeitando nossa cultura, costumes e necessidades. (p. 48)
  • Telecentros são locais onde o público em geral pode acessar computadores de forma gratuita. Os computadores são geralmente equipados com uma variedade de software livre, e por vezes software proprietário, e estão ligados à Internet. Alguns Telecentros oferecem aulas de informática e oficinas para as comunidades, a fim de melhorar as habilidades sociais e técnicas. Tais atividades são uma tentativa de promover o uso da tecnologia para atender às necessidades individuais e da comunidade como o aumento do capital humano e de emprego. O governo, ONGs e o setor privado mantêm os Telecentros. (p. 66)
  • Por mais móveis que sejam as tecnologias na favela, as pessoas ainda precisam de centros fixos como Telecentros e LAN houses. Tais centros são referências no acesso à Internet onde as pessoas mantêm seus perfis em redes sociais e baixam músicas, fotos e vídeos necessários para o tempo que não puderem retornar. Não só pelo acesso à Internet, mas esses centros se tornam importantes espaços onde as pessoas trocam diferentes experiências com seus celulares e tablets e acabam por capacitarem a si mesmos. (p. 84)
  • Favelas são áreas de intensa atividade do tráfico de drogas, o que promove constantes conflitos entre gangues rivais e policiais. Traficantes estipulam toques de recolher e proíbem pessoas de circularem em determinados horários. A socialização na favela, que acontece nas ruas, becos e praças, acaba prejudicada, já que o medo prevalece nas pessoas. A Internet tem sido uma grande aliada em reconectar familiares e amigos espalhadas pelo morro, já que a visita física em áreas distantes não é tão fácil. (p. 90)
  • O Telecentro e a LAN house são bons exemplos de como as coisas funcionam no Brasil. O Telecentro tem regras, limites e controle, já na LAN house o usuário é livre para fazer o que quiser, desde que pague pela hora. É o constante embate entre o Estado regulador de bem estar social e as políticas neoliberais. (p. 96)

Referências

  1. Nemer, D. (2013). Favela Digital: The other side of technology/O outro lado da tecnologia. GSA Grafica e Editora.