Kurt Cobain: diferenças entre revisões

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==Odeio-me e quero morrer (I Hate Myself and I Want to Die)==
*"... Cresci de um modo muito isolado. Tornei-me anti-social. Comecei a compreender a realidade do universo em que vivia, que tinha muito pouco para me oferecer. Aberdeen era uma cidade demasiado pequena onde não encontrava amigos de quem gostasse, que fossem compatíveis comigo ou que gostassem do que eu gostava..."
 
*"Os meus familiares tinham um terror danado da pobreza e, mesmo que no fundo fossem uns pobretanas, faziam tudo para parecer abastados. A minha mãe repetia-me continuamente que eu tinha absolutamente de evitar "as más companhias", ou seja os rapazes das famílias pobres, aqueles mais pobres do que nós. Assim, aquela coisa dos "pobretanas" tornou-se para mim uma verdadeira obsessão que muitas vezes me levava a insultar os rapazes mal arranjados de Aberdeen: chamava-lhes "nojentos", "fedorentos" e, quando nos encontrávamos na rua, muitas vezes acabávamos envolvidos em tremendas bulhas... Mas, alguns anos depois, comecei a aperceber-me que os rapazes das famílias abastadas - ou seja aqueles que para os meus pais eram as "boas companhias" - eram os verdadeiros "fedorentos" ao passo que os pobretanas eram, ao fim e ao cabo, melhores, mais verdadeiros e sinceros."
 
*"No Liceu, o corpo estudantil dividia-se em três categorias diferentes: rapazes e raparigas "marronas", super-fêmeas "raparigas pon-pon", e super-machos "megadesportistas". A primeira categoria fazia-me tristeza e as outras duas odiava-as com todo o coração..."
 
*"Por aquilo de que me consigo lembrar, os primeiros anos da minha vida foram anos muito felizes. Quando tinha sete anos, os meus pais separaram-se. Lembro-me de sentir vergonha disso sem saber explicar bem porquê. Não conseguia olhar de frente para alguns dos meus amigos na escola. Desejava desesperadamente ter uma familia clássica, típica, com pai e mãe, desejava essa segurança. Durante alguns anos custou-me muito a perdoar isso aos meus pais..."
 
*"Quero compor um novo tema no mesmo género de "Polly" (no album Nevermind), tratando de maneira explícita a questão da violação. Estou convencido que a violação é um dos crimes mais odiosos e, infelizmente, um dos mais frequentes. Era necessário que eu fizesse alguma coisa porque havia e há ainda uma grande necessidade de educar os machos. Existem grupos que se ocupam deste problema, mas, de momento, não vão além do fato de ensinarem ás mulheres algumas técnicas de defesa física - o que também está bem., mas de certeza não resolve a questão. Seria preciso uma obra radical de reeducação dos machos, para resolver um problema tão grave e difuso e para os irremidiáveis não restaria senão a solução mais simples e mais drástica: a castração."
 
*"Depois do divórcio dos meus pais, de repente tudo ficou preto para mim, vivia sempre em depressão. Ia para a cama e passava horas e horas acordado, gritando dentro da minha cabeça, ou então, continha a respiração o mais que podia porque queria que a cabeça estoirasse... Daí a pouco, a depressão dava lugar a uma raiva surda..."
 
*"Em si, o facto de ser homem não é uma coisa má, talvez o problema seja quando estes se tornam machos... um homem sensato não existe e, se existisse, seria de certeza uma mulher; a demonstração mais evidente disso é que as guerra são declaradas sempre por homens e a combatê-las são quase somente eles; asmulheres são decididamente menos violentas e, se estivesse nas mãos delas o poder de desencadear uma guerra, o mundo seria de certeza um lugar muito mais pacífico."
 
*"Depois do divórcio dos meus pais, sentia um forte ressentimento em relação a eles porque não tinham sido capazes de resolver os seus problemas. Na escola comecei a sentir-me diferente das outras crianças; tinha-me convencido que valia menos do que elas, porque elas tinam uma família ao passo que eu já não a tinha. Isolava-me cada vez mais dos rapazes da minha idade e esta situação tornou-se definitiva por volta dos onze-doze anos..."
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*"No liceu eu era o bode expiatório. Mas não naquele sentido em que estivessem sempre a meter-se comigo. Não implicavam comigo nem me batiam porque, nessa altura, eu já vivia num grande isolamento. Era tão anti-social que raiava a demência. Sentia-me tão diferente e louco que as pessoas deixavam-me em paz. Não me admirava nada se, então, me considerassem o tipo mais provavelmente capaz de matar alguém no baile do liceu..."
 
*"Nunca conseguia arranjar rapazes amigos por isso convivia muito com raparigas e sentia que elas não eram tratadas com igualdade e respeito. Detestava a forma como, em Aberdeen, se tratava as mulheres; eram completamente oprimidas..."
*"Os meus familiares tinham um terror danado da pobreza e, mesmo que no fundo fossem uns pobretanas, faziam tudo para parecer abastados. A minha mãe repetia-me continuamente que eu tinha absolutamente de evitar "as más companhias", ou seja os rapazes das famílias pobres, aqueles mais pobres do que nós. Assim, aquela coisa dos "pobretanas" tornou-se para mim uma verdadeira obsessão que muitas vezes me levava a insultar os rapazes mal arranjados de Aberdeen: chamava-lhes "nojentos", "fedorentos" e, quando nos encontrávamos na rua, muitas vezes acabávamos envolvidos em tremendas bulhas... Mas, alguns anos depois, comecei a aperceber-me que os rapazes das famílias abastadas - ou seja aqueles que para os meus pais eram as "boas companhias" - eram os verdadeiros "fedorentos" ao passo que os pobretanas eram, ao fim e ao cabo, melhores, mais verdadeiros e sinceros."
 
*"No curso de Arte dos complementares fiz amizade com um rapaz que se chamava Myer Loftin... Myer era um tipo maravilhoso e fascinava-me exactamente pela sua diferença em relação á banalidade que nos circundava; ele tinha sempre um ponto de vista original, completamente seu, diferente da massa de jovens bem-pensantes de Aberdeen. Myer não era um frango do aviário: tinha um cérebro próprio, uma personalidade própria uma originalidade toda sua e eu gostava dele exactamente por isso."
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*"No Liceu, a minha amizade com Myer Loftin criou-me alguns problemas. Cada vez com mais frequência troçavam de mim e insultavam-me e, nos balneários do ginásio, desencadeava-se o furor homofóbico dos megadesportistas: quando estávamos nus, parece que eles se sentiam "ameaçados" pela minha presença e, muitas vezes, acabavam por me agredir. Mas eu, desse momento, comecei a sentir-me orgulhoso de ser considerado gay, mesmo que na realidade não o fosse..."
 
*"Certo dia arranjei uma guitarra eléctrica e comecei a compor temas meus, até porque não tinha nenhuma intenção deperder tempo a tocar versões dos Van Halen: queria tentar desenvolver um estilo pessoal, queria começara exprimir-me na primeira pessoa."
*"No Liceu, o corpo estudantil dividia-se em três categorias diferentes: rapazes e raparigas "marronas", super-fêmeas "raparigas pon-pon", e super-machos "megadesportistas". A primeira categoria fazia-me tristeza e as outras duas odiava-as com todo o coração..."
 
*"Na capa de Bleach, o meu nome aparecia escrito "Kurdt Kobain" devido a uma escolha precisa: vivia em pleno a época punk e desprezava o "personalismo" típico das estrelas do rock. Queria permanecer anónimo, a minha música falaria por mim. Queria fazer como Black Francis: ele mudou tantas vezes de nome que ninguém sabe realmente como se chama... Da mesma maneira, queria que ninguém soubesse o meu verdadeiro nome e, assim, quando quisesse, poderia voltar a ser um Kurt Cobain qualquer, um cidadão normal, capaz de deixar atrás de si a sua experiência musical."
 
*"Dar umas voltas por uns tempos nas altas esferas das majors foi bastante divertido porque, em pouco tempo, recolhemos (eu, Dave e Chris) uma bela colecção de cartões de visita dos vários "directores artísticos". Quando, por vezes, nos acontecia ir a qualquer lugar de merda para os lados de Tacoma e Olympia, dávamos alguns daqueles cartões de visita ás bandas que tocavam, mostrando um certo interesse por eles e dizendo-lhes para nos darem uma telefonadela algumas semanas depois - assim, bebíamos rios de cerveja grátis e era um fartote de rir quando pensávamos na quantidade de telefonemas que aqueles parvalhões receberiam..."
 
*"A categoria de críticos que não consigo suportar é a dos falsos alternativos, aqueles que assistem pela primeira vez a um concerto dos Nirvana e ficam amuados num canto torcendo o nariz como se quisessem materializar um pensamento indignado: "Mas isto não é punk-rock!" É claro que não é! Quem etiquetou os Nirvana como grupo punk-rock cometeu um erro colossal porque nós nunca afirmámos ser punks, sempre dissemos que nos interessa a ética do punk. Nunca considerei importantes coisascomo os alfinetes enfiados na pele e o cabelo pintado de encarnado: isso são cagadas exteriores que serviram só para dar uma qualquer identidade a personalidades sem rumo. O que me interessa realmente é o coração da ética punk: a indepen^dência artística, a liberdade expressiva, a espontaneidade e também a imprecisão técnica..."
 
*"Parece que todo o mundo me considera meio atrasado mental mas isto não me chateia, provoca-me só uma certa admiração, porque não se pode ouvir a minha musica, considerá-la "inteligente" e depois pensar que o seu autor seja um cretino... Por outro lado, reconheço que nunca fiz nada para desmentir os preconceitos dos outros; pelo contrário, quando encontro alguém que me considera um atrasado mental, faço tudo para lhe confirmar esta sua convicção. Estou perfeitamente consciente da minha personalidade e isso sempre evitou que fosse obrigado a alguma coisa para demonstrar ao próximo quem sou."