Mário de Sá-Carneiro: diferenças entre revisões
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Linha 69:
" Mas hoje já não sei com que sonhos me robustecer. Acastelei os maiores... eles próprios me fartaram: são sempre os mesmos - é impossível achar outros..."
" De forma que ''gastar tempo''
" É curioso: sou um isolado que conhece meio mundo, um desclassificado que não tem uma dívida, uma nódoa - que todos consideram, e que entretanto em parte alguma é adimitido...(...) Nos próprios meios onde me tenho embrenhado, não sei por que senti me sempre um estranho..."
Linha 77:
" Sim, a minha pobre alma anda morta de sono, e não a deixam dormir - tem frio, e não sei aquecer! Endureceu-me toda!secou, ancilou-se-me; de forma que movê-la - isto é: pensar - me faz hoje sofrer terríveis dores. E quanto mais a alma me endurece, mais eu tenho ânsia de pensar! Um turbilhão de idéias - loucas idéias! - me silva a desconjuntá-la, a arrepanhá-la, a rasgá-la, num martírio alucinate! Até que um dia - óh!é fatal - ela se me partirá voará em estilhaços... A minha pobre alma! A minha pobre alma!..."
" Sou todo incoerências. Vivo desolado, abatido, parado de energia, e
"Somos todos álcoo, todos álcool! - ''álcool que nos esvai em lume que nos arde''!"
Linha 83:
" (...) só depois de satisfazer os meus desejos, posso realmente sentir aquilo que os provocou. A verdade, por consequência, é que as minhas próprias ternuras, nunca as ''senti'', apenas as ''adivinhei''."
" (...) eu, por mais que me esforce, nunca poderei retribuir nenhum afeto: ''afetos não se materializam dentro de mim''! é como se me faltasse um sentido - se fosse cego, se fosse surdo. Para mim,
" Eu era alguém cujos pés, sobre uma estrada lisa, cheia de sol e árvores, se cavasse de súbito um abismo de fogo."
''" Permaneci, mas já não me sou."''
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