Carlos Vaz: diferenças entre revisões

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Linha 25:
* O homem não é aquele ser que sabe que vai morrer, mas sim aquele que, apesar de o saber, esquece que vai morrer.
:- ''Ibidem''
 
 
* Os lobos mansos vivem em rebanho para se protegerem.
:- ''In: Laivo
 
 
* A ideia de que o romance atingiu o seu esgotamento literário, por não possibilitar o progresso na conquista do ser, originou na literatura contemporânea o sentimento firme e inevitável da morte do romance. De facto, o romance, que ainda perdura no nosso século, insiste na falta de inovação estética ao limitar-se à verosimilhança do humano, impedindo a própria progressão na sucessão das descobertas do ser.
:- ''In: Diários de um Real-Não-Existente''
 
 
* Sinto-me fascinado por Goya, sobretudo pelo conjunto de gravuras que o pintor intitulou de Caprichos. Dessas obras, a que reteve o meu sonho foi a primeira que só depois avançou 43 casas no tabuleiro. A obra em causa pertencia, inicialmente, a um grupo de sombras que procurava o Ydioma Universal: o Capricho 43.
:- ''In: Capricho 43''
 
 
* Ao observar os traços de Goya, procuro a monstruosidade que falta nalguma arte. Na verdade, penso que esta se perdeu algures na cacofonia do que interpreta. Ultimamente, perdeu-se até da própria “fonia”, que ainda lhe dava algum som. Parte da arte que nos atropela é somente “caco”, se é que me entendem.
:- ''Ibidem''
 
 
* (...) há textos que geram a aprendizagem através da magia. Por isso, cabe ao artista trazer para a realidade,o espaço que a educação não ensina, dou como exemplo a fabulosa escrita de Joacob e Wilhelm, os irmãos Grimm, a compilação de textos que ainda hoje chega até nós. De início, não eram propriamente textos infantis, pois, na tradição oral alemã, não eram destinadas ao público infantil, mas sim aos adultos. O erro destes irmãos foi o de dedicarem esta compilação apenas às crianças e darem somente a estas o destino dos contos mágico-maravilhosos. Ao contrário de alguns, não vejo a passividade e a sujeição, procuro antes, nestas histórias, as aprendizagens seculares que nos chegam pela monstruosidade dos seres. Tenho em mim a cicatriz da certeza, de que se deveria escrever para adultos como se fossem autênticas crianças, pois essa é a real emancipação do homem.
:- ''Ibidem''
 
 
* A escrita é um corpo puxado pela gravidade, não pela gravidade terrestre, como grande parte dos escritores entendem, e por isso escrevem sempre o real, sobre o real, com o real, escrevem o real do real do real… No vácuo, vejo a escrita antes puxada pela microgravidade do cosmos, tal como um fio invisível que puxa os astronautas como se fossem marionetas do seu espaço. A escrita é um corpo de luz que se propaga através de pequenos desvios causados pela gravidade das massas, uma gravidade de vários centros e o leitor (...)
:- ''Ibidem''
 
 
* (...) todo o escritor seria um mentiroso, se não fosse um contador de histórias, e a mentira seria tanto maior quanto a sua imaginação.
:- ''Ibidem''
 
 
* Face ao abismo das incertezas, cabe-nos o papel de funâmbulo. Somos como palhaços a andar na corda bamba: percebi, não percebi. Apenas uma certeza nos sustém por cima do abismo que nos chama, a corda que nos aguenta – que faz de nós marionetas do espaço.
:- ''Ibidem''
 
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