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Poeta, jornalista e prosador, nascido em Pelotas, Rio Grande do Sul, no dia 12 de julho de 1853, Francisco Lobo da Costa é considerado um dos principais escritores do século XIX, conforme atestam autores e críticos. Eram seus genitores o catarinense Antônio Cardoso da Costa e Jacinta Júlia Lobo da Costa, natural da Bahia.
|Wikisource=
Francisco tinha como irmãos : Luís, o mais velho, Idelvira Júlia e Morivalde, mais moços.
|Wikipedia=Lobo da Costa
No dia 12 de setembro de 1855, na Igreja Matriz de São Francisco de Paula, Francisco, com 2 anos, foi batizado pelo coadjutor Francisco Miranda Pinto, tendo como padrinhos sua tia, Maria José do Monte Costa e Venceslau José Gomes.
|Wikicommons=
Com a Guerra do Paraguai, atendendo aos apelos do Governo, alistaram-se e partiram para a frente de batalha seu tio Francisco, com o filho Tomás, sob as ordens do coronel Manuel Lucas de Oliveira. O pai ficou em Pelotas, como instrutor da Guarda Nacional. Com doze anos, a Lobo da Costa era impossível o alistamento. O sucesso da Armada Nacional provocou euforia geral, também contagiando Lobo, que enalteceu a vitória em versos publicados no jornal Eco do Sul de Rio Grande, RS, em 1865, quando contava com 12 anos.
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Em 1867, com 14 anos, Lobo e seu irmão Luís tiveram de procurar emprego, pois os negócios paternos não iam bem. Adiantado na escola, conseguiu colocação no cartório de Francisco José das Neves, em Pelotas.
|Nombre=Lobo da Costa
Em l868, com 15 anos, deixou seu trabalho para ocupar-se da agência de telégrafo. A falta de movimento na sua seção permitia-lhe ler e compor versos que publicava na imprensa.
|Gutenberg=
Nessa época, A Arcádia, jornal literário da cidade de Rio Grande, de propriedade de Antônio Joaquim Dias, notabilizava-se por suas atividades culturais. Entre os seus colaboradores, estavam Bernardo Taveira Jr., Fernando Osório, Juvêncio Menezes Paredes, Aquiles Porto Alegre e Francisco Lobo da Costa.
|Cervantes=
Em l869, com 16 anos, deixou seu emprego no telégrafo, fundou o jornal Castália, que teve breve duração, mas, continuava a publicar poemas n’A Arcádia, onde fez sua primeira tentativa de ficção, Heloísa, uma história de amor proibido, tema comum no Romantismo da época. Também colaborava no Eco do Sul, jornal de Pedro Bernardino de Moura.
|DominioPu=
Em l870, com 17 anos, inicia como jornalista no Jornal do Comércio de Joaquim Dias.
|DomiPubli=
Em l871, com 18 anos, trabalha com Fernando Osório no Diário de Pelotas, órgão liberal, e participa de reunião do grupo abolicionista e republicano. Dele faziam parte, entre outros, Epaminondas Piratinino de Almeida e Saturnino Epaminondas de Arruda e Lobo da Costa. Passou a freqüentar a sociedade e possuía o dom de encantar, principalmente quando declamava seus versos.
|EbooksG=
A amizade com Saturnino se estendeu à família Arruda, em cuja residência se reunia a sociedade elegante nos finais de semana. Aí, se encontrava com Saturnina Elvira, que era irmã de seu amigo. Lobo da Costa enamorou-se dessa jovem, sendo por ela correspondido, e a transformou em sua musa inspiradora. Ela seria Maria e, sob tantos outros nomes, a razão de sua lira de amor. Apenas uma vez, na dedicatória de um poema, figura o nome de sua amada. À Elvira ele se dirige, em Escuta, publicado em Auras do sul:
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Escuta!
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À Elvira
Não creias, Elvira, que a lira do vate
Por outra vibrasse sincera canção,
Pois só no remanso do exílio em que vive,
Teu nome sepulta-se em seu coração.(...)
Certamente, foi nessa época que Lobo da Costa começou a amar.
Porém, nesse mesmo ano de 1871, portanto ainda com 18 anos, perde sua mãe e essa perda lhe marcou profundamente a vida, refletindo-se na obra, onde abordou freqüentes temas de solidão e orfandade. Com essa experiência, teve início a desestruturação do seu universo afetivo.
Em l872, com 19 anos, transferiu-se para Rio Grande, ficando amigo da família Melo, a quem se ligou no culto às letras. Sua estada nessa cidade foi útil para sua projeção pessoal e artística. No jornal Eco do Sul, onde trabalhava, imprimiu e editou o livro de poemas Rosas pálidas e o romance Espinhos d'alma.
Em 1873, com 20 anos, ainda publicou, no Eco do Sul, a crônica O mentiroso e o ensaio O jesuitismo, sendo esse último reproduzido pelo jornal pelotense Diário da Manhã, em 12 de junho de 1985.
Posteriormente, Francisco se desligou do Eco do Sul e se tornou redator de O Investigador, que era um periódico de propriedade de Laurindo Carvalho Moura e que, além de noticioso, também abordava aspectos políticos da época. Ainda em Rio Grande, encontrou Múcio Teixeira, com quem fez amizade e retornou a Pelotas.
No mesmo ano de 1873, a convite de amigos, visitou e se hospedou na estância de Molhos, no Uruguai, onde certamente se encontrou com Elvira. Escreveu, lá, alguns poemas e, dentre esses, Escuta.
Por sentir que carecia de uma formação cultural mais consistente para ascender socialmente, decidiu ir para São Paulo, tentar a faculdade de Direito. A viagem deve ter acontecido em junho de 1874, aos 21 anos, uma vez que O Conservador publicou, no ano de 1875, uma crônica sua, na qual se dizia afastado de Maria há um ano. Ficou, pois, um ano em São Paulo. Durante esse período, publicou, na capital paulista, o livro Lucubrações, pela editora Seckler, graças à intercessão de Carlos Ferreira, poeta gaúcho ligado à família Melo e residente em Campinas.
Não logrou êxito no curso preparatório para a faculdade paulista. Devido à sua vida desregrada na companhia de outros estudantes, teve a saúde abalada. No retorno à cidade natal, passando por Santa Catarina, deteve-se, certo tempo, na casa de seu tio, o tenente José Cardoso Costa, a fim de se recuperar da enfermidade.
É possível determinar sua chegada a Desterro (hoje Florianópolis) em maio de 1875, uma vez que, já reconhecido como poeta, foi homenageado pela Associação Musical Trajano, que era dirigida por José Luís de Carvalho. Lobo da Costa, grato pela homenagem, publicou em O Conservador, em 26 de maio, sua gratidão pela noite do dia 16 na residência de seu tio, quando de sua chegada à cidade.
Já recuperado, adiou sua volta à Princesa do Sul, para ocupar, temporariamente, a convite do conselheiro Bandeira de Melo, então presidente daquela Província, o cargo de oficial de seu gabinete. Aceitou esse honroso convite e permaneceu até que fosse nomeado o titular. Uma vez nomeado e empossado seu sucessor, Anfilóquio Nunes Pires, prosseguiu, finalmente, sua viagem de regresso.
Portanto, o período em que esteve na cidade de Desterro foi, indubitavelmente, de maio a setembro de 1875. Regressando à terra natal, reiniciou suas diligências na imprensa local. Lançou, nesse ano, duas das suas produções mais notáveis: Adeus, à sombra do salgueiro e Aquele ranchinho.
Em 28 de janeiro de 1876, com 23 anos incompletos, o Eco do Sul, registrou a estréia de O maçon e o jesuíta, no Teatro 7 de Setembro, de Rio Grande, como sua primeira produção no gênero dramático, tecendo uma crítica favorável e estimulante a essa obra.
Ao longo desse mesmo ano, trabalhou no Jornal do Comércio, de Pelotas, com o proprietário Artur Lara Ulrich; atuou em O Despertador e fundou A Lanterna e O Trovador, ambos de existência efêmera.
Enquanto sua atividade artística se desenvolvia produtivamente, a saúde do poeta arruinava-se. Lobo vinha, há algum tempo, entregando-se ao alcoolismo e, com isso, destruía qualquer perspectiva de um futuro saudável e de uma vida afetiva satisfatória, uma vez que esse seu vício ensejou o rompimento definitivo com a jovem amada, Elvira, filha de família da alta sociedade. Essa adversidade teve grandes reflexos em sua temática. Descrente e revoltado, seus poemas se encheram de solidão, tristeza e melancolia; a coragem da denúncia e da crítica facilmente transformaram-se em agressão; a entrega absoluta à arte afastou-o de propósitos mais concretos sobre o mundo e a vida.
Assim, em 1877, com 24 anos, foi trabalhar com Antônio da Silva Moncorvo Jr., no jornal Onze de Junho, além de continuar colaborando em outros periódicos, como A Idéia. Ainda nesse ano, seu drama O maçon e o jesuíta estreou no Teatro 7 de Abril, em Pelotas e, ao final do ano, precisamente no dia 20 de outubro, ficou ainda mais triste e solitário, com a morte de seu pai. Era o esfacelamento do lar. Só restavam a irmã, os dois irmãos e o primo. Desses, a única criatura que ele ainda amava profundamente era a irmã, que já contava 18 anos e, certamente, não tardaria em casar.
Em 1878, Lobo tornou-se colaborador do Progresso Literário, que contava com Teodoro Garcia como redator e, simultaneamente, escreveu também para o Onze de Junho. Ainda nesse ano, residiu em Rio Grande durante alguns meses, quando foi redator da Gazeta Mercantil. Aí, publicou o conto A cabana das violetas e a crônica Sabatina, em que escreve notáveis artigos de fundo, um dos quais sobre o descaso pela cultura, citando os nomes quase desconhecidos de Guizot, historiador francês, fundador da história política e social; Flamarion, astrônomo francês, autor da Pluralidade dos mundos habitados; Favre, químico francês, que determinou a quantidade de calor desenvolvido pela combustão dos corpos; Revillout, egiptólogo francês; Michaux, botânico francês , entre vários outros.
De vez em quando, ia visitar a família Melo, em cujo seio sempre foi carinhosamente recebido. Em agosto de 1878, faz o prefácio do livro de Julieta de Melo Monteiro, Reflexos de minh’alma.
Voltando a Pelotas, retomou o trabalho no Onze de Junho, sem deixar de colaborar para o Progresso Literário.
O pensamento da morte, então, levou-o a escrever Fantasias de um morto, em prosa, revelando-se, nesse gênero, tão seguro de si mesmo quanto no terreno da rima. Esse conto foi publicado no Progresso Literário em 17 de novembro de 1878.
O ano de 1879, aos 26 anos, foi agitado pela campanha eleitoral. A imprensa fomentava a luta política entre conservadores e liberais. Os ataques do Onze de Junho provocaram uma grande reação dos ofendidos, obrigando Moncorvo Jr. e Lobo da Costa a fugir para Jaguarão, de onde continuaram a editar o jornal. Nessa cidade, o poeta escreveu também para A Ordem, de Bernardino de Moura.
Além de A Ordem, outros jornais acolheram suas produções: O Cabrion, importante jornal humorístico pelotense, de propriedade de Eduardo Antônio Guerra e do desenhista Eduardo Chapon; Diabrete e Psiu, de Rio Grande; Mosquito, de Porto Alegre; Zé Povinho e Pervigil, ambos de Pelotas. Mais tarde, colaborou em A Ventarola, cujo proprietário, Eduardo Chapon, por ser desenhista, retratou Lobo a bico de pena, após sua morte.
A 27 de setembro de 1879, com 26 anos, na Igreja Matriz do Divino Espírito Santo, em Jaguarão, em um ato imprevisto, Lobo casou-se com Carolina Augusta Carnal, jovem de 17 anos, natural de Rio Grande, de família modesta. A cerimônia foi oficiada pelo cônego vigário Joaquim Lopes Rodrigues. Foram testemunhas seus amigos Moncorvo Jr. e João Antunes de Sales.
Dois meses depois, Lobo foi encontrado muito doente e em estado de extrema penúria, hospedado na casa de seu amigo João A. de Sales. Seu casamento, do qual nasceu a filha Amanda, resultava num grande infortúnio.
Lobo nada dedicou à esposa e jamais a mencionou. A única referência à filha foi encontrada na carta de pêsames que escreveu de Porto Alegre para as amigas Julieta e Revocata de Melo, pela perda da mãe destas, datada de novembro de 1882 (aos seus 29 anos) e publicada no Arauto das Letras.
Mesmo com dificuldades econômicas, problemas conjugais, desencantos, sua poesia continuava a jorrar. O Cabrion, em 1880, e O Lábaro, em outubro desse mesmo ano, registraram vários dos seus poemas.
Já separado da esposa, passou algum tempo em Arroio Grande, na residência da família Araújo. Voltando a Jaguarão, pelos idos de 1881, tornou-se secretário de um grupo teatral, a Companhia Eqüestre Paulista, acompanhando-a a Pelotas e a Porto Alegre.
Em Porto Alegre, após seu desligamento dessa Companhia, encontrou colocação no jornal A Tribuna, de Marcos Menezes Correia de Castro, semanário de ataque pessoal e difamação e, simultaneamente, colaborou no Onze de Junho, no Arauto das Letras e em O Lábaro.
Em 1882, ainda se encontrava em Porto Alegre, mas não tardou a retornar à terra natal, quando publicou, no Arauto das Letras, o conto Angelina.
O ano de 1883 foi pautado por um deprimente acontecimento. Precisamente no dia 29 de março, no Teatro 7 de Abril, em Pelotas, por ocasião de um espetáculo em benefício da pequena Julieta dos Santos, jovem atriz rio-grandense, Lobo da Costa, que havia colaborado com um poema para a jovem, foi impedido de entrar no teatro, uma vez que se encontrava embriagado, com aparência descuidada e aspecto desfigurado, como descreve Alfredo Ferreira Rodrigues.
Ainda nesse ano, Lobo transferindo-se para Dom Pedrito, RS, foi, durante algum tempo, redator de A Fronteira e colaborador da Gazeta Pedritense. Nessa cidade, produziu o seu melhor texto dramático, O Filho das ondas, que foi representado, em primeira mão, pela Sociedade Thalia Pedritense e, posteriormente, levado aos palcos de muitas cidades gaúchas, tendo sido publicado pela Livraria Americana, de Rio Grande, e, mais tarde, incluído na terceira edição de Auras do sul. É um drama em três atos, composto em versos heptassílabos e conta a história de Elvira, filha de André, velho pescador, e noiva de Afonso. Lembra Calvet (1954:71) ter tido a oportunidade de assistir à sua representação, quando menino, no Teatro Orfeu, da capital gaúcha, com casa repleta.
Em l884, com 31 anos, por ocasião dos atos comemorativos da abolição da escravatura no município de Pelotas, foi convidado a pronunciar-se e improvisou o poema Glória e liberdade, elevando sua voz, mais uma vez, para condenar a vergonha da escravidão e clamar pelo reconhecimento da dignidade dos negros. Às vésperas de sua morte, ainda saudou a Lei Áurea nos poemas O império livre e 13 de maio.
Após uma estada aproximada de dois anos em Dom Pedrito, Lobo da Costa retomou sua peregrinação pelas cidades de Bagé, Pelotas, Porto Alegre e, ao final, voltou à cidade natal, muito doente, sem poder trabalhar, sendo recolhido à Santa Casa para tratar-se.
A partir de 1886, não mais peregrinou. Fixou-se em Pelotas, mas, dominado pelo terrível vício do álcool, percorria as casas dos amigos e as tavernas, buscando uma bebida e improvisando versos satíricos.
Em 1887, 34 anos, foi hospitalizado várias vezes, preocupando a sociedade que o conhecia, que se mobilizou para auxiliá-lo. O Grêmio dos Lunáticos, uma associação de jovens intelectuais, elaborou então o opúsculo Charitas, cuja venda reverteu em prol do poeta. Mesmo no hospital, Lobo continuava a produzir versos, além de receber amigos e simpatizantes, que vinham prestar justas homenagens ao mais popular dos poetas gaúchos.
Devido ao agravamento de sua enfermidade, permaneceu no hospital entre fins de 1887 até a metade de 1888. Escreveu, ainda, intensamente.
Na manhã de 18 de junho de 1888, furtando-se à vigilância dos enfermeiros, ganhou a rua e saiu sem destino certo. Como lhe havia sido dado o restante da quantia conseguida com a publicação de Charitas, dirigiu-se para a taberna mais próxima para beber e, certamente, o fez. Durante a tarde, foi visto nas mediações da Santa Cruz. Algumas pessoas o reconheceram e avisaram o delegado e seus familiares sobre aquele estranho aparecimento do poeta. A polícia alegou tê-lo procurado, mas não o encontrou. O frio e as intempéries da noite, cumulados com o despojamento de Francisco por vândalos, selaram o seu destino.
Na manhã seguinte, um carroceiro encontrou seu corpo rijo e inerte, caído na sarjeta, bem próximo à Santa Cruz.
O Correio Mercantil, de 19 de junho de 1888, publicou que o senhor Tomás Félix da Costa, escrivão da mesa de rendas provinciais e parente do finado, tomou conta do cadáver. Lobo foi velado na casa de seu primo Tomás e seu corpo encomendado na Igreja Matriz, pelo vigário Canabarro. O enterro foi seguido por grande cortejo.
O Correio Mercantil ainda relatou que o poeta foi colocado num caixão de veludo preto, repleto de flores e coroas com dedicatórias, tendo sido o féretro conduzido à mão, da rua general Vitorino até a Matriz.
Os jornais da época descreveram, detalhadamente, as pompas fúnebres de Lobo, cuja morte repercutiu por toda a Província.
Ainda em 1888, Francisco de Paula Pires reuniu e publicou, num volume intitulado Auras do sul, parte da produção poética de Lobo Costa, com o objetivo de construir um monumento funerário para este; conseguiu realizar seu intento e essa obra póstuma atingiu o marco de seis edições.
Em 1953, Irmão Elvo Clemente publicou a primeira e importante biobibliografia do poeta, intitulada Aspectos da vida e obra de Francisco Lobo da Costa, que são o fruto de pesquisas realizadas em Rio Grande, Pelotas e Porto Alegre, para mostrar a riqueza de uma pobre vida dedicada inteiramente à arte e que deixou uma obra inesquecível dentro da literatura romântica do fim do século XIX.
Em l954, Morivalde Calvet Fagundes, ligado à família de Lobo da Costa, publica um ensaio, Lobo da Costa, ascensão e declínio de um poeta, no qual identifica, no poeta e prosador, quase duas dezenas de facetas de sua produção literária: lírico, épico, social, abolicionista, democrata, satírico, nacionalista, regionalista, pelotense, descritivo da natureza, bucólico, indianista, folclorista, religioso, maçom, sonetista, prosador e epistolar.
No cenário do centenário da morte de Lobo, 1988, Adão Monquelat e Geraldo Fonseca lançam a Antologia poética e alguma prosa de Lobo da Costa, onde são reunidos os diversos poemas e crônicas esparsas do autor.
Em l991, Alice Therezinha Campos Moreira publica o volume Obra poética, Lobo da Costa, uma fixação do texto poético lobiano em edição crítica.
Em 2003, para celebrar o sesquicentenário de nascimento de Francisco Lobo da Costa, Ângela Treptow Sapper e Jandir Zanotelli publicam Lobo da Costa, obra completa.
As contribuições de Lobo na prosa ficcional e dramaturgia, juntamente com sua obra poética, tornam-no um vulto importante e inesquecível do Romantismo gaúcho. Sua obra possui qualidades que a tornam importante no plano nacional e a revestem de características de permanência e universalidade.
São cento e dezessete anos sem Lobo, mas a sua voz continua ecoando no coração e na memória dos gaúchos, conforme lembram as palavras de Elvo Clemente:
“Lobo da Costa não será jamais esquecido. Sua vida há de reviver tanto quanto viver sua obra e sua obra é eterna, como eternas são as manifestações da sensibilidade estética, em se tratando especialmente do romântico mais querido no Sul do País.” (1953:32)
 
[[w:Lobo da Costa|Francisco '''Lobo da Costa''']] ''(Pelotas, Rio Grande do Sul, no dia 12 de julho de 1853 - 19 de junho de 1888)) foi poeta, jornalista e prosador.''
Por Profª Drª Ângela Treptow Sapper
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A Alguém
==À Elvira (1871)==
Lobo da Costa
:Não creias, Elvira, que a lira do vate
Ó não me peças teu nome,
:Por outra vibrasse sincera canção,
Que fora um crime dizê-lo,
:Pois só no remanso do exílio em que vive,
A Deus só basta sabê-lo,
:Teu nome sepulta-se em seu coração.(...)
Eu e ele - e mais ninguém.
Ah! que tu mesma ignores
O quanto em ti sonho e cismo.
- Que há entre nós um abismo
Que só Deus sabe-o também.
Quando nas horas sombrias
Da noite Invoco teu vulto,
Por entre as trevas oculto,
Oculto na solidão,
Ainda assim, tremo e suspiro
E tenho fundo receio
Que m'o roubem do meu seio,
Que o vejam no coração.
 
Pois desde o dia primeiro
Em que te vi... fui cobarde.
Quando busquei-te era tarde
Nadava num mar de horror!
Agora só restam trevas
De um passado já desfeito,
E tu vives no meu peito
Como uma sombra de amor.
Lobo da Costa
 
==A Alguém==
Jaguarão, 1880.
::: (''Jaguarão, 1880.'')
:Ó não me peças teu nome,
:Que fora um crime dizê-lo,
:A Deus só basta sabê-lo,
:Eu e ele - e mais ninguém.
:Ah! que tu mesma ignores
:O quanto em ti sonho e cismo.
:- Que há entre nós um abismo
:Que só Deus sabe-o também.
:Quando nas horas sombrias
:Da noite Invoco teu vulto,
:Por entre as trevas oculto,
:Oculto na solidão,
:Ainda assim, tremo e suspiro
:E tenho fundo receio
:Que m'o roubem do meu seio,
:Que o vejam no coração.
 
:Pois desde o dia primeiro
:Em que te vi... fui cobarde.
:Quando busquei-te era tarde
:Nadava num mar de horror!
:Agora só restam trevas
:De um passado já desfeito,
:E tu vives no meu peito
:Como uma sombra de amor.
 
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