Castro Alves: diferenças entre revisões

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add versos de Eugênia Câmara
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*"O artista de mais rica virtuosidade descritiva que já houve entre nós, o nosso primeiro regente de orquestra poética, o rei das cores e dos esplendores, mostrou-se também um sequioso de verdade, um esfomeado de justiça."<br>Agripino Grieco<ref name=ledo/>
 
=== Adeus de Eugênia Câmara ===
*Amante do poeta, a atriz portuguesa Eugênia Câmara termina o romance em São Paulo no ano de 1868; após o rompimento o poeta se acidenta com um tiro no pé que é amputado no ano seguinte, no Rio de Janeiro; ali, antes de voltar definitivamente à Bahia, ele escreve o poema "Adeus" a ela que, em resposta, escreveu os versos seguintes, publicados em 1910 por Xavier Marques (foi feita a atualização ortográfica):<ref>Castro Alves (1944). Obras Completas de Castro Alves. 1. [S.l.]: Companhia Editora Nacional. 500 páginas. Introdução e notas de Afrânio Peixoto</ref>
<poem>
Adeus, irmão desta alma, digo-te Adeus!
Mas deixa que eu evite esse jamais! —
Que o céu se compadeça aos rogos meus
E um dia cessarão teus e meus ais!</poem>
 
<poem>Sim que Deus iluminou a tua fronte
Com um raio divinal de Gênio! e Glória!...
Vive, sonha, canta, este horizonte!...
O Brasil quer teu nome em sua história</poem>
 
<poem>A Família, esse Lar augusto e Santo!
Cercará teu sofrer de muito amor.
Em regaço de irmãs irá teu pranto
Salvar-te junto ao trono do Senhor.</poem>
 
::Falas-me em risos! a mim
::Das afeições descrente e nua!...
::Pode-se encontrar outra alma
::Depois de reinar na tua?!!!
::Da perdida criatura
::O corpo da terra é,
::Mas a alma voa ao céu
::Levando a crença e a fé.
::E eu levo na hora extrema
::A tua pálida imagem
::Gravada dentro em minh'alma
::Como celeste miragem!
 
::O Gérmen de que me falas
::Crença! e Fé! não é mortal,
::Deus olha piedoso o Mártir
::Triunfarás desse mal.
 
::Eu não me iludo. Eu te amo!
::Quer na vida quer na morte;
::A um só dos teus olhares
::Será tua a minha sorte.
 
::Aquela noute!... oh! silêncio
::Noute de fel e de amor
::Em que dentro em duas almas
::Houve um poema de dor!...
 
::A multidão me sorria
::E o meu ser estava contigo,
::Nesse olhar belo e sereno
::Minh'alma encontrou abrigo.
 
::Eras o anjo d'outra hora
::E eu cairia a teus pés
::Se inda mesmo moribundo
::Tu me dissesses — Talvez!...
 
::Saí! dali alquebrada
::Sem forças para lutar
::Com desejos de morrer,
::Com vida p'ra te adorar.
 
::Foi minha filha entre nós
::O Anjo da redenção
::Falei-lhe de ti! Chorou!...
::Foi seu pranto meu — Perdão!...
 
::Adeus! Se um dia o Destino
::Nos fizer ainda encontrar
::Como irmã ou como amante
::Sempre! Sempre! me hás de achar.
 
<poem>Catete, 17 [Novembro de 1869]
2 horas da noite. Adeus!!</poem>
 
==Referências ==