Os Maias: diferenças entre revisões
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Sem resumo de edição |
Sem resumo de edição |
||
Linha 2:
----
:- João da Ega
Linha 8:
----
- Ninguém faz nada - disse Carlos espreguiçando-se. - Tu, por exemplo, que fazes? <br />
:'''João da Ega''': Falhámos a vida, menino!▼
Cruges, depois de um silêncio, rosnou encolhendo os ombros: <br />
:'''Carlos da Maia''': Creio que sim.... Mas todo o mundo mais ou menos a falha. Isto é, falha-se sempre na realidade aquela vida que se planeou com a imaginação. Diz-se: «Vou ser assim, porque a beleza está em ser assim.» E nunca se é assim, é-se invariavelmente assado, como dizia o pobre marquês. Ás vezes melhor, mas sempre diferente."▼
- Se eu fizesse uma boa ópera, quem é que ma representava? <br />
- E se o Ega fizesse um belo livro, quem é que lho lia? <br />
O maestro terminou por dizer: <br />
. Isto é um país impossível... Parece-me que também vou tomar café. <br />
----
▲
----
"Não valia a pena dar um passo para alcançar coisa alguma na Terra - porque tudo se resolve, como já ensinara o sábio do «Eclesiastes», em desilusão e poeira."
----
"- Que raiva ter esquecido o paiozinho! Enfim, acabou-se. Ao menos assentámos a teoria definitiva da existência. Com efeito, não vale a pena fazer um esforço, correr com ânsia para alguma coisa. <br />
Ega, ao lado, ajuntava, ofegante, atirando as pernas magras: <br />
- Nem para o amor, nem para a glória, nem para o dinheiro, nem para o poder... <br />
A lanterna vermelha do americano, ao longe, no escuro, parara. E foi em Carlos e em João da Ega uma esperança, outro esforço: <br />
- Ainda o apanhamos! <br />
- Ainda o apanhamos! <br />
De novo a lanterna deslizou e fugiu. Então, para apanhar o americano, os dois amigos romperam a correr desesperadamente pela Rampa de Santos e pelo Aterro, sob a primeira claridade do luar que subia."
==Veja também==
|