Virginia Woolf: diferenças entre revisões

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===Um Teto Todo Seu===
*"A [[vida]], para ambos os sexos — e olhei para eles a abrirem caminho, às cotoveladas, pela calçada —, é árdua, difícil, uma [[luta]] perpétua. Ela exige [[coragem]] e força gigantescas. Mais que tudo, talvez, sendo, como somos, criaturas da ilusão, ela exige autoconfiança. Sem a autoconfiança, somos como bebês no berço. E como podemos gerar essa qualidade imponderável, e apesar disso tão inestimável, da maneira mais rápida? Pensando que as outras pessoas são inferiores a nós mesmos. Sentindo que temos alguma superioridade inata — pode ser [[riqueza]] ou posição social, um [[nariz]] afilado ou o retrato de um avô pintado por Romney, pois não há limite para os patéticos recursos da [[imaginação]] humana — sobre as outras pessoas. Daí a enorme importância para um patriarca que tem que conquistar, que tem que dominar, de sentir que um grande número de pessoas, a rigor, metade da raça humana lhe é por [[natureza]] inferior. De fato, essa deve ser uma das principais fontes de seu poder."
 
*"As [[mulheres]] durante todos estes séculos serviram de [[espelho]]s possuindo o poder mágico e delicioso de refletir uma imagem do [[homem]] com o dobro do seu tamanho natural. Sem esse poder, provavelmente, a [[Terra]] seria ainda pântano e selva. As glórias de todas as [[guerra]]s seriam desconhecidas. Estaríamos ainda arranhando os contornos de cervos nos restos de ossos e trocando pederneiras por peles de carneiro ou qualquer outro ornamento simples que agradasse ao nosso gosto sem sofisticação. O Super Homem ou o Dedo do Destino nunca teriam existido. O Czar e o Kaiser nunca teriam portado suas coroas ou as perdido. Qualquer que possa ser sua utilidade em sociedades civilizadas, espelhos são essenciais a toda ação violenta e heróica. Eis porque tanto Mussolini quanto Napoleão insistem tão enfaticamente na inferioridade das mulheres, pois se elas não fossem inferiores, eles pararariam de engrandescer-se. Isso serve para explicar, em parte, a indispensável necessidade que as mulheres tão freqüentemente representam para os homens. E serve para explicar como eles ficam inquietos quando colocados sob a sua crítica, como é impossível para ela dizer-lhes que este [[livro]] é ruim, este quadro é fraco, ou o que quer que seja, sem causar mais [[dor]] ou despertar mais [[raiva]] que um homem que fizesse a mesma crítica. Pois, se ela começa a dizer a [[verdade]], a figura no espelho encolhe, sua aptidão para a [[vida]] é diminuída. Como pode ele continuar a passar julgamentos, a civilizar nativos, a fazer [[lei]]s, escrever livros, arrumar-se todo e discursar em banquetes, a menos que possa ver a si mesmo no café da manhã e no jantar com pelo menos o dobro do tamanho que realmente é?"