Marcel Proust: diferenças entre revisões

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Linha 73:
* “Ao ver que ela já não se achava na sala, Swann sentiu um golpe no coração; tremia ao se ver privado de um prazer que pela primeira vez avaliava, pois até então tivera a certeza de o encontrar quando quisesse, coisa que sempre diminui ou até nos impede de apreciar o que vale um prazer.”
 
* “De todos os modos de produção do amor, de todos os agent<poem></poem>esagentes de disseminação do mal sagrado, um dos mais eficazes é esse grande torvelinho de agitação que às vezes sopra sobre nós. Então a sorte está lançada, e a criatura com quem nesse momento nos comprazemos será a criatura amada. Nem mesmo é necessário que até então nos tenha agradado mais que as outras, ou tanto como as outras. O que era preciso é que nossa inclinação por ela se tornasse explusiva. E essa condição se realiza quando — no instante em que ela nos faltou — sentimos em nós não o desejo de buscar prazeres que o seu convívio nos proporciona, mas uma necessidade angustiosa, que tem por objeto essa mesma criatura, uma necessidade absurda, que as leis desse mundo tornam impossível de satisfazer e difícil de curar — a necessidade insensata e dolorosa de possuí-la.”
 
* “E o prazer que lhe dava a música e que em breve ia criar nele uma verdadeira necessidade, assemelhava-se com efeito, em tais momentos, ao prazer que sentiria ao experimentar perfumes, ao entrar em contato com um mundo para o qual não fomos feitos, que nos parece sem forma porque nossos olhos não o percebem, sem significado porque escapa à nossa inteligência, e nós só o atingimos por um único sentido.” (p. 232)