Anjos na América: diferenças entre revisões

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nova página: Angels in America é uma peça de teatro escrita por Tony Kushner. Em 2003 foi adaptada como minissérie pelo canal norte-americano de televisão HBO, com direção d...
 
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Prior: Quando a manhã raiar em tom rubro e levar toda vida consigo, uma onda de fogo protéico que circunda o planeta e deixa a terra limpa feito um osso, ainda assim... Ainda assim me abençoe. Quero mais vida. Não consigo evitar. Eu quero. Vivi tempos tão terríveis e tem gente passando por coisas ainda piores, mas ainda assim estão vivendo. Mesmo quando são mais espírito do que carne, mais feridas do que pele, mesmo quando queimados e em agonia, quando moscas põem ovos nos cantos dos olhos dos seus filhos, eles vivem. Geralmente,
a morte tem que levar a vida. Não sei se isso é só animal. Não sei se não é mais corajoso morrer, mas reconheço o hábito, o vício de estar vivo. Nós vivemos para além da esperança. Se eu puder achar esperança em algum lugar, já está bom. É o melhor que posso fazer. E é tão pouco. É tão inadequado. Mesmo assim, me abençoe. Quero mais vida.
 
 
== Prior perdoando Louis ==
 
"Falhar no amor não é o mesmo que não amar."
 
 
== Fala final de Harper ==
 
"Fazia anos que eu não subia num avião. Ao chegar aos 35 mil pés teremos alcançado a tropopausa, a grande camada de calmaria. O mais próximo do ozônio a que chegarei. Sonhei que estávamos lá. O avião ultrapassou a tropopausa, o ar seguro, e atingiu a camada externa do ozônio, que estava imperfeita e rompida, retalhos dela esgarçados como uma gaze. E isso foi assustador. Mas vi uma coisa que só eu pude ver, devido à minha enorme habilidade para ver tais coisas. Almas estavam subindo da terra lá embaixo. Alma dos mortos, das pessoas que pereceram da fome, da guerra, da praga. E eles subiam flutuando como saltadores ao revés, os braços em ângulos, girando e rodopiando. E as almas dos que se foram, de mãos dadas, entrelaçadas pelos tornozelos, formavam uma rede. Uma grande rede de almas. As almas eram moléculas de três átomos de oxigênio, da matéria do ozônio, e a camada externa os absorveu e se restaurou. Nada está perdido para sempre. Neste mundo, há uma espécie de progresso doloroso, ansiando pelo que deixamos para trás e sonhando com o que está por vir. Pelo menos, eu acho que é assim."