Rudolf Karl Bultmann

professor académico alemão
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Rudolf Karl Bultmann (?) foi um teólogo alemão.

Rudolf Karl Bultmann
Rudolf Karl Bultmann
Nascimento 20 de agosto de 1884
Wiefelstede (Império Alemão)
Morte 30 de julho de 1976 (91 anos)
Marburg (Alemanha Ocidental)
Sepultamento Main Cemetery of Marburg
Cidadania Alemanha
Alma mater
  • Universidade de Tubinga
  • Universidade de Marburg
  • Universidade Humboldt de Berlim
Ocupação teólogo, professor universitário, filósofo
Prêmios
  • Grã-Cruz da Ordem do Mérito da República Federal da Alemanha
  • Ordem do Mérito para as Artes e Ciência
  • Prêmio Reuchlin (1957)
  • Grã-Cruz da Ordem do Mérito da República Federal da Alemanha
  • Goethe-Plakette des Landes Hessen (1954)
Empregador(a) Universidade de Marburg, Universidade de Giessen, Universidade de Wrocław
Obras destacadas The New Testament and Mythology
Religião teologia liberal
Assinatura

Verificadas

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  • "A graça de Deus é a graça que perdoa pecados, isto é, ela liberta o ser humano de seu passado, que o mantém preso".
- Die Gnade Gottes ist sündenvergebende Gnade, dh sie befreit den Menschen von seiner Vergangenheit, die ihn gefangen hält
- Rudolf Karl Bultmann citado em "Stellungnahme zu Bultmanns "Entmythologisierung": eine Antwort für die bibelgläubige Gemeinde‎" - Página 14, Fritz Rienecker - R. Brockhaus, 1951 - 86 páginas

Verificadas

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  • "Portanto, o acontecimento ocorrido em Cristo é a revelação do amor de Deus, que liberta o ser humano de si mesmo, libertando-o para uma vida de entrega na fé e no amor. Fé como lberdade do ser humano de si mesmo, como abertura para o futuro, só é possível como fé no amor de Deus. Contud, a fé no amor de Deus permanece auto-suficiência enquanto o amor de Deus for uma imagem criada pelo desejo, uma idéia, enquanto Deus não revelar seu amor. A fé cristã é fé em Cristo pelo fato de ser fé no amor revelado de Deus. Só quem já é amado pode amar. Só quem foi presenteado com confiança pode confiar. Só quem experimentou entrega pode se entregar. Somos libertados para a entrega a Deus pelo fato de que ele se entregou por nós. "Nisto consiste o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou, e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados." (1 Jo 4.10) "Nós amamos, porque ele nos amou primeiro. (1 Jo 4.19)"
  • "A graça de Deus é a graça que perdoa pecados, isto é, ela liberta o ser humano de seu passado, que o mantém preso. Liberta-o daquela postura do ser humano que quer se assegurar, lançando por isso mão do que é disponível e apegando-se ao que é transitório e sempre já passado - Isso é o pecado, por ser o auto-enclausuramento contra o que é invisível, contra o futuro de Deus a se presentear. Àquele ser humano que se abre para a graça, seu pecado é perdoado, isto é, ele torna-se livre do passado. Justamente isto se denomina "fé": abrir-se livremente ao futuro. Tal fé é obediência, por ser o afastamento do ser humano de si mesmo, a renúncia a toda segurança, a desistência de confiar em si mesmo, acompanhada da resolução de confiar somente em Deus, que desperta os mortos (2Co 1.9), que chama à existência o que nada é (Rm 4.17). É a entrega radical a Deus, esperando tudo de Deus, nada de si mesmo. Assim é obtido o desprendimento de tudo quanto é mundanamente disponível, ou seja a postura da desmundanização, a liberdade."

Jesus Cristo e Mitologia

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  • "É precisamente pelo abandono radical e pela crítica consciente dessa cosmovisão mitológica da Bíblia que podemos trazer à luz a pedra de tropeço real, ou seja, o fato de que a palavra de Deus chama o ser humano a renunciar a toda segurança de obra humana."
  • "A fé é a renúncia por parte do ser humano à sua própria segurança e a disposição de encontrá-la unicamente no além invisível, em Deus. Isso significa que a fé é uma segurança ali onde nenhuma segurança pode ser vista; é, como disse Lutero, a disposição de entrar confiadamente nas trevas do futuro."
  • "Será possível esperar que realizemos um sacrifício do entendimento, um sacrificium intellectus, para poder aceitar aquilo que sinceramente não podemos considerar verídico - só porque tais concepções estão contidas na Bíblia? Ou deveríamos deixar de lado os versículos do Novo Testamento que contêm tais concepções mitológicas e selecionar os que não constituem um tropeço desse tipo para o ser humano moderno? De fato, a pregação de Jesus não se limitou a afirmações escatológicas. Proclamou também a vontade de Deus, que é Seu mandamento, o mandamento de fazer o bem. Jesus exige veracidade e pureza, disposição para o sacrifício e para o amor. Exige que o ser humano todo seja obediente a Deus, e se insurge contra a ilusào de que possamos cumprir nosso dever para com Deus com a mera observância de determinadas prescrições externas. Se as exigências éticas de Jesus constituem tropeços para o ser humano moderno, somente o são em virtude de sua vontade egoísta, mas não de sua inteligência.
    Que se desprende disso tudo? Deveremos conservar a pregação ética de Jesus e abandonar sua pregação escatológica? Haveremos de reduzir sua pregação do senhorio de Deus ao chamado "evangelho social"? Ou existe ainda uma terceira possibilidade? Temos que perguntar-nos se a pregação escatológica e o conjunto dos enunciados mitológicos contêm um significado ainda mais profundo, que permanece oculto sob o invólucro da mitologia. Se é assim, devemos abandonar as concepções mitológicas precisamente porque queremos conservar seu significado mais profundo. A esse método de interpretação do Novo Testamento, que procura redescobrir o significado mais profundo oculto por trás das concepções mitológicas, camo de "demitologização" - termo que nào deixa de ser bastante insatisfatório. Não se propõe a eliminar os enunciados mitológicos, mas sim interpretá-los."
  • "Creio que Deus atua aqui e agora, mas Sua ação é oculta, porque não é diretamente idêntica ao acontecimento visível. Ainda não sei o que Deus está fazendo, e talvez nunca chegue a sabê-lo, mas creio firmemente que é importante para minha existência pessoal, e devo perguntar-me o que é que Deus está me dizendo. Talvez esteja me dizendo apenas que devo aguentar em silêncio."
  • "Existem encontros e azares que o ser humano nao pode dominar. Nao pode assegurar a perenidade de suas obras. Sua vida é fugaz e desemboca na morte. A historia prossegue e vai derrubando, uma após a outra, todas as torres de Babel. Não existe nenhuma segurança verdadeira e definitiva; mas é precisamente a essa ilusão que as pessoas tendem a sucumbir quando perseguem a segurança.
    Qual é a razão subjacente a esse anelo? A preocupação, a secreta angústia que se manifestam nas profundezas da alma justamente quando o ser humano pensa que, por si mesmo, tem de alcançar a segurança para si próprio.
    A palavra de Deus exorta o ser humano a renunciar a seu egoísmo e à segurança ilusória que ele próprio construiu para si. Exorta-o a que se volte para Deus, que está além do mundo e do pensamento científico. Exorta-o, ao mesmo tempo, a que encontre seu verdadeiro eu. Porque o eu do ser humano, sua vida interior, sua existência pessoal também se encontra além do mundo visível e do pensamento racional. A palavra de Deus interpela o ser humano em sua existência pessoal e, assim, o liberta do mundo, da preocupação e da angústia que o oprimem tão logo se esquece do além. Mediante os recursos da ciência, as pessoas procuram apoderar-se do mundo, mas, em realidade, é o mundo quem acaba apoderando-se delas. Nossa época permite-nos observar até que ponto as pessoas são dependentes da tecnologia e até que ponto chegam as terríveis consequências da tecnologia. Crer na palavra de Deus significa renunciar a toda segurança meramente humana e, assim, desfazer-se do desespero gerado pela busca - sempre vã - da segurança."
  • "Deus vem ao nosso encontro em sua palavra, numa palavra concreta: a pregação instituída por Jesus Cristo. Embora se possa dizer que Deus vem ao nosso encontro sempre e em toda parte, não O vemos e não O ouvimos sempre e em toda parte, a não ser que nos sobrevenha sua palavra e nos torne capazes de compreender o momento aqui e agora, como costumava afirmar Lutero. A idéia do Deus onipresente e todo-poderoso somente se torna real em minha existência pessoal por sua palavra pronunciada aqui e agora. Por conseguinte, devemos afirmar que a palavra de Deus somente é o que é no instante em que é pronunciada. A palavra de Deus não é um enunciado intemporal, mas sim uma palavra concreta dirigida a pessoas aqui e agora. Sem dúvida, a palavra de Deus é sua palavra eterna, mas essa eternidade não deve ser concebida como intemporalidade, e sim como uma presença sempre atualizada aqui e agora. É sua palavra na forma de acontecimento que se dá num encontro, mas não como um conjunto de idéias nem, por exemplo, um enunciado sobre a graça de Deus em geral, embora, por outra parte, tal enunciado possa ser correto, mas sim unicamente na medida em que se dirige a mim sob a forma de um acontecimento que ocorre a mim e me atinge como Sua misericórdia. Somente dessa maneira ela é o verbum externum, a palavra que nos vem de fora. Contudo, não como um conhecimento que possuo de uma vez para sempre, mas sim como um encontro constantemente renovado.
    Depreende-se daí que a palavra de Deus é uma palavra verdadeira, que me é dita numa linguagem humana, seja na pregação da Igreja ou na Bíblia, sempre que não se considere a Bíblia simplesmente como uma interessante compilação de fontes para a história da religião, mas sim como transmitida pela Igreja como uma palavra que nos interpela. Essa palavra viva de Deus não foi inventada pelo espírito e pela sagacidade do ser humano, mas ocorre na história. Sua origem é um acontecimento histórico, que confere autoridade e legitimidade à expressão dessa palavra - a pregação. Esse acontecimento histórico é Jesus Cristo."

Ligações externas

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