António Gonçalves Correia

anarquista e poeta português (1886-1967)

António Gonçalves Correia (São Marcos da Ataboeira, Castro Verde, 3 de Agosto de 1886Lisboa, 20 de Dezembro de 1967) foi um anarquista, ensaísta, poeta e humanista português.

António Gonçalves Correia
António Gonçalves Correia
António Gonçalves Correia
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  • «Mas será isto verdade? Não estarei eu sonhando? Será verdade que este pedaço de terreno sagrado, que o dinheiro da solidariedade humana resgatou, pertence de hoje em diante a um grupo de homens que são irmãos, a umas dúzias de indivíduos que querem ser livres na Terra Livre, a um punhado de seres que detestam a vida irracional das grandes cidades? Será verdade que morreu aqui a árvore maldita da propriedade privada? Será verdade que estes 3 quilómetros benditos vão ser explorados em benefício comum? Será verdade que aqui vai ser a divina cidade da Luz e que além, daqui a 3 mil e tal metros, é a terra das trevas, o sítio do vício, a estrada do crime
- Janeiro de 1916 (in ROCHA, Francisco Canais, e LABAREDAS, Maria Rosalina, 1982: pp. 168-69)

«Contraste

Ao ver-te assim, esplendorosa,
Toda risonha e gentil,
De caracóis reluzentes,
Comparei-te a uma rosa
Em pleno e formoso Abril.
Mas a teu lado, mulher,
Vi uma criancinha
Toda rota e esfarrapada,
Filha dum pobre qualquer.
E pensei então o que tinha,
Ante a triste abandonada,
O dever de lutar sempre
A favor da criancinha
Toda rota e esfarrapada!»

- (12.12.1958)[1]